quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O alunão - José Morgado


Acabou o primeiro período, reúnem-se os professores e atribuem-se as notas. A maioria dos miúdos, felizmente, sairá bem tratada do processo. Com notas mais ou menos elevadas ficarão contentes e o espírito natalício encarregar-se-á de os compensar também da forma possível, pois, como se sabe, o espírito natalício não é igual para todas as famílias, algumas terão até muito pouco espírito natalício este ano.

Outros alunos, apesar de terem alguns resultados menos positivos, encararão, com o apoio dos professores e da família e, naturalmente, com o seu esforço o resto do ano com uma atitude positiva e de confiança assumindo a convicção de como se diz “vão lá”, “são capazes”. Assim deve ser.

No entanto, haverá um grupo de alunos de quem a escola, mesmo estando no primeiro período, desistirá. São os miúdos que “não vão lá”, seja porque “com a família que tem não é possível”, “porque, coitado, não é muito dotado, já o irmão quando cá andou assim era”, “não se interessa por coisa alguma, não anda aqui a fazer nada” ou outra qualquer apreciação entendida como razão. Muitos destes alunos, tal como a escola desiste deles, também eles desistirão da escola, confirmando a antecipação do insucesso, desde já estabelecida.

Num tempo em que a grande orientação é reaproveitar e reciclar o que não serve ou não presta, talvez seja de os municípios, com a orientação do Ministério da Educação, procederem à instalação de um novo recipiente nos ecopontos que quase sempre existem perto das escolas. Assim, junto do vidrão, do pilhão e dos outros contentores, colocar-se-ia um alunão, um recipiente onde se colocariam os alunos que não servem ou não prestam e esperar que algo ou alguém os recicle e devolva à escola novinhos, reciclados, cheios de capacidades e capazes de percorrer sem sobressaltos o caminho do sucesso.

O problema é que somos uma sociedade de desperdícios, até de pessoas, e começamos logo nas pequenas.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Dia Internacional das Pessoas com Deficiência

Porque as barreias existem...e só com persistência serão ultrapassadas.
Qual mar desgastando a Falésia...
Qual sol brilhando por entre as nuvens...
A vontade de cada um fará a diferença!

sábado, 19 de novembro de 2011

Associação Pró- Inclusão- Conclusões

"A Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, realizou de 28 e 29 de Outubro o Segundo Congresso Internacional subordinado ao tema “Derrubar Barreiras. Facilitar Percursos”, com a presença de alguns dos mais proeminentes académicos e investigadores nacionais e internacionais. Os cerca de 300 participantes, na sua maioria professores desta área, debateram temas actuais relacionados com a Educação Especial e Inclusiva, nomeadamente Políticas, Educação de crianças e jovens com NEE, Equidade. Qualidade de vida, Identidade Profissional dos Docentes de Educação Especial, Centros de Recursos, Transição para a Vida Adulta, Investigação, Articulação entre Serviços, o Papel dos Pais, Intervenção Precoce e Unidades de Ensino Estruturado e Especializadas, entre outros.


Da riqueza dos debates e das comunicações apresentadas, elaborou-se o seguinte documento que foi aprovado na sessão de encerramento do Congresso:


CONCLUSÕES


EDUCAÇÃO INCLUSIVA


A Educação Inclusiva (EI) continua a ser um conceito que se mantém na ordem do dia continuando a apresentar-se como suporte indispensável na definição das políticas e na implementação das práticas. Nestas transformações há que ter em conta que os modelos a usar devem primar pela flexibilidade, evitando aplicações “cegas” a realidades necessariamente diferenciadas e valorizando-se a especificidade cultural, o sistema de valores e as forças de mudança que muitas vezes já existem no seio das comunidades educativas. As mudanças devem partir de uma análise das situações concretas.


MUDANÇA NAS POLÍTICAS


Não é só a escola que deve mudar, também as autoridades locais e nacionais necessitam de operar mudanças significativas nas políticas. Não se pode organizar o ensino sem se definir claramente os objectivos e avaliar as lideranças de forma clara e consistente. A generalização da EI em termos nacionais e internacionais torna pertinente clarificar o conceito e a sua operacionalização ao nível central e local. Para qualificarmos a EI, há que planificar de forma fundamentada e clara através de avaliações consequentes. Essa avaliação faz parte de uma prática corrente dessa mesma mudança. A inclusão não se restringe ao interior da escola, envolve também um sistema político que saiba projectar e avaliar as mudanças nos momentos próprios e não apenas no âmbito dos calendários eleitorais. Saber manter uma política sistemática e continuada de consenso nacional é muito importante para que as transformações positivas na escola possam ocorrer de forma efectiva e sustentada, pois elas são necessariamente lentas.


O respeito pela autonomia das escolas e dos professores, não deve inibir as entidades governamentais de enquadrar e coordenar a implementação de políticas em termos locais, de forma a promover a equidade e facilitar os processos de interpretação, que cada interveniente faz das políticas emanadas.


Decorrente dos resultados de vários estudos que avaliaram a aplicação do Dec.Lei 3/2008 torna-se necessária a sua melhoria, tendo em conta as diferentes perspectivas já conhecidas, bem como os resultados da investigação actual.


EQUIDADE


É sempre necessário desafiar o conceito de EI e ir mais além centrando a questão na vertente da “equidade”, de modo a que os alunos com NEE sejam tratados com justiça e tenham igualdade de acesso e de participação efectiva na aprendizagem e em toda a vida escolar.


Deveremos colocar hoje a questão se os nossos alunos estão a ser tratados de forma justa no seu processo de inclusão. Torna-se por isso imperioso que a avaliação das melhorias, não tenham apenas em conta os resultados académicos, mas também de como as escolas contribuem de forma qualitativa para o sucesso e equidade das populações mais vulneráveis no seu seio.


COLABORAÇÃO


Continua a ser consensual como uma das peças chave da EI, a “colaboração”, não apenas dentro da própria escola entre alunos e entre professores, mas também numa perspectiva de colaboração entre escolas e entre as escolas e a comunidade, evitando possíveis assimetrias.


Fica o desafio: é imperiosa a colaboração nas escolas, entre as escolas e para além das escolas.


Para promover a EI com equidade é importante que as escolas possam aprender entre si e sem exceção de forma a não decalcar no sistema de ensino, o ciclo de desigualdades de uma sociedade hierarquizada.


QUALIDADE DE VIDA


Da mesma forma deveremos insistir no conceito de “qualidade de vida”. Neste contexto a qualidade de vida, determina processos de interacção social, de lazer, de autonomia de autodeterminação e de liberdade individual. No desenvolvimento dos projectos de vida dos alunos deverá existir um equilíbrio entre uma vertente académica, do currículo e o desenvolvimento formal e sistemático de competências que promovam a qualidade de vida em termos mais globais.


ARTICULAÇÃO ENTRE SERVIÇOS


Emerge a necessidade de uma articulação entre serviços e entre entidades locais e governamentais. A melhoria da qualidade educativa exige o envolvimento de todos os sectores sociais e políticos. Essa necessidade tem-se manifestado mais no serviço de intervenção precoce, mas também em todos os processos de melhoria nas escolas portuguesas. Como exemplo: a implementação da CIF, onde as dificuldades de articulação entre os serviços foram (e continuam a ser) verdadeiramente sentidas.


CIF


A utilização da CIF cinge-se ao processo de classificação, cuja aplicação dos quantificadores fica ao livre arbítrio dos aplicadores, dado não existirem instrumentos de avaliação educacional com correspondência directa aos quantificadores. A aplicação da CIF em Portugal, quer na educação, quer na saúde, é sentida como um instrumento inadequado a uma avaliação compreensiva das necessidades educativas dos alunos. O acesso a medidas de apoio, ou a serviços, não deve depender da classificação das incapacidades, mas sim da necessidade que o aluno tem em beneficiar dos apoios. A prevalência dos critérios médicos sobre os critérios educacionais deverá ser definitivamente repensada em Portugal, dado que contraria a perspectiva de EI e de Necessidades Educativas Especiais.


CRI


A forma de funcionamento das equipas multidisciplinares dos CRI deveria ter como princípio um apoio a toda a escola, inclusivamente pais e professores. Não foi valorizada a eficácia de quantificadores, como a quantidade de apoios terapêuticos individuais, em detrimento do desejável reforço da articulação e do suporte à acção dos agentes educativos.


Numa perspectiva de articulação de serviços, a implementação dos CRI, continua a ser uma medida a necessitar de reavaliação. Dado que existem muitas outras entidades que poderiam constituir-se em recursos para a inclusão, inclusivamente as próprias escolas do ensino regular.


Este programa carece de uma avaliação que possibilite que os CRI vão ao encontro das necessidades das escolas de forma articulada, centrando este processo na escola do ensino regular como local de construção da EI.


PAIS


Os pais são uma força fundamental para as transformações qualitativas no sistema e na melhoria dos processos de inclusão nas escolas. É desejável a participação activa dos pais no diagnóstico, planificação e no encontrar de soluções para os problemas, devendo fazer parte dos processos de decisão. A sua participação é reconhecida e valorizada neste processo. São desejáveis processos e programas de articulação entre os pais e os profissionais a vários níveis.


TVA


Numa altura em que a escolaridade básica é de 12 anos, há muito a clarificar e definir no âmbito da Transição para a Vida Activa. Sendo uma área fundamental, continua a não haver uma articulação e uma envolvência de entidades e recursos de toda a sociedade. Ficou a preocupação destes processos poderem não ter consequências, devido à ausência de uma planificações e de orientações e recursos que contemplem esta nova realidade.


LIDERANÇA


O sucesso da inclusão depende, em grande medida, das equipas de direcção e do seu envolvimento nos processos de melhoria no sistema educativo. Uma liderança eficaz foi reconhecida como fundamental na implementação de uma EI.


PROFESSORES


Os professores e em particular os Professores de Educação Especial, são elementos fundamentais e centrais para o desenvolvimento de uma escola que tenha como meta a equidade e a igualdade de oportunidades. Para que seja cumprido o direito a uma educação socialmente justa para todos os alunos é necessário o concurso de variados técnicos mas não deve ser esquecido o papel central do professor, profissional articulador de todos estes apoios e com um papel imprescindível na discussão e desenvolvimento de qualquer solução de escolarização e educação.


No final, os participantes do congresso reiteraram a importância de continuarmos a olhar a EI no âmbito do respeito pelos direitos humanos, no quadro da equidade educativa.


As crianças e jovens com NEE devem ver garantidos os seus direitos de participação em igualdade de oportunidades em todos os sectores da sociedade,


Estando todos mobilizados para derrubar barreiras e facilitar percursos".


In: 1ª newsletter do mês de novembro da Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

Despacho Normativo nº 14/2011

"Avaliação dos alunos dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico

Foi publicado o Despacho Normativo n.º 14/2011, que introduz algumas alterações ao Despacho Normativo n.º 1/2005, relativo ao processo de avaliação dos alunos do ensino básico. Aparentemente, trata-se da inclusão de ajustamentos, sem alterações significativas, salvo introdução dos exames no 6º ano.

São introduzidos alguns números relativos aos alunos com necessidades educativas especiais que pouco ou nada alteram relativamente ao normativo existente.


Os alunos abrangidos pelo artigo 21.º do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, estão dispensados da realização dos exames.


Os alunos abrangidos pelo n.º 1 do artigo 20.º do Decreto -Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, realizam as provas finais dos 6.º e 9.º anos de escolaridade com as adequações no tipo de prova, instrumentos ou condições de avaliação previstas no seu Programa Educativo Individual.


À semelhança do que já vigorava, nos 2.º e 3.º ciclos, para os alunos abrangidos pelo artigo 21.º do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, a informação resultante da avaliação sumativa expressa -se:


a) Numa classificação de 1 a 5, em todas as disciplinas, acompanhada de uma apreciação descritiva sobre a evolução do aluno;


b) Numa menção qualitativa de Não satisfaz, Satisfaz e Satisfaz bem, nas áreas curriculares não disciplinares e em áreas curriculares que não façam parte da estrutura curricular comum, acompanhada de uma apreciação descritiva sobre a evolução do aluno.


Os alunos surdos que frequentem o ensino bilingue em escolas de referência realizam provas finais de Português Língua Segunda (PL2).


Ao aluno que atingir a idade limite da escolaridade obrigatória, abrangido pelo artigo 14.º do Decreto -Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, deverá, mediante requerimento do respectivo encarregado de educação ou do próprio aluno, quando maior, ser mandado passar, pela direção do estabelecimento de ensino, um certificado de equivalência à escolaridade obrigatória para efeitos de admissão no mercado de trabalho.


Os certificados a utilizar são os legalmente fixados para o sistema de ensino, devendo neles vir especificados os conhecimentos adquiridos no âmbito do definido no plano individual de transição do aluno". in Incluso

Sobredotados....


É caso único na Europa. Congresso alerta para o desperdício de talento que, sem apoio, será formatado pelas escolas até à normalidade.


Quantos alunos sobredotados estão nas escolas portuguesas é um cálculo que só se faz por aproximação. Os professores não ouvem falar deles durante a sua formação, o ensino não consegue identificá-los e, no plano legal, nem sequer têm direito a existir. “Não há um decreto. Portugal é, aliás, caso único na Europa”, conta Cristina Palhares, da Associação Nacional para o Estudo e Intervenção na Sobredotação (ANEIS), que promove hoje em Braga o segundo dia do congresso internacional “Sobredotação e Talento – Atenção da Escola à Diversidade”.


Ao não haver “suporte legal”, não há também maneira de promover formação, desenvolver currículos adaptados ou direcionar os recursos das escolas para apoiar esta população. Saber quantas crianças sobredotadas vivem em Portugal não tem uma resposta direta. Estima-se que sejam 3% a 5% da população mundial: “Num universo de mil alunos de uma escola, serão 50 crianças, mas não estão minimamente identificadas.”


Lá fora é diferente e o congresso da ANEIS trouxe dois exemplos que poderiam ser adotados nas escolas portuguesas. Brasil e Espanha têm estas crianças inseridas no grupo de alunos com necessidades educativas especiais: “Estes meninos são acompanhados pelos mesmos professores que apoiam as crianças com deficiências.” Isto faz todo o sentido, defende Cristina Palhares. Por serem diferentes da norma, precisam de atendimento especializado.


Falta de legislação e incapacidade das escolas de sinalizar crianças sobredotadas têm consequências, embora seja difícil algum dia virmos a saber quanto talento o país desperdiça. Como tudo na vida, a inclusão tem um reverso, avisa a secretária da direcção da ANEIS. E se, para o caso das crianças deficientes, estar nas mesmas turmas que outros colegas contribui por si só para subir o seu desenvolvimento, o mesmo não acontece com os sobredotados. “Se não existir um atendimento diferenciado, a escola vai formatando a criança até a normalização.”


Sem acompanhamento, a escola não faz mais que normalizar o talento que estas crianças desenvolvem mesmo em meios hostis. “Conheci um menino que sabia ler e escrever muitíssimo bem com cinco anos e não tinha um livro em casa. Há crianças que, mesmo em ambientes adversos, conseguem desenvolver os seus talentos.” Isso só não chega. Sem trabalho, o dom atrofia, como “qualquer músculo que não é exercitado”.
In: I online

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Doenças mentais...


(...)"Duzentos anos depois do médico francês Philippe Pinel ter publicado o primeiro tratado sobre doenças mentais, e com 400 perturbações definidas, a fronteira entre a sanidade e uma perturbação clínica continua a não ser óbvia. A Associação Americana de Psiquiatria (APA) e a Organização Mundial de Saúde estão a rever as indicações para diagnóstico e indicação das doenças e síndromes psiquiátricas, mas algumas propostas - como diagnosticar um "risco de psicose" a indivíduos sem qualquer surto e com base na incidência de "pensamentos estranhos" - têm merecido críticas. Uma das vozes mais contestatárias é Allen Frances, o psiquiatra que coordenou a última revisão do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais da APA, em 1994. Teme que a rede de sintomas encolha cada vez mais a esfera da "normalidade", com estigma social e tratamentos desnecessários.

Na edição de Janeiro da "Wired", Frances admite que é "virtualmente impossível" definir com clareza as fronteiras de um distúrbio psiquiátrico. Já no ano passado tinha dito ao "Los Angeles Times" que pequenos acertos nas classificações podem ter um impacto dramático. "[Na última revisão] tentámos ser conservadores, mas criámos três falsas epidemias: a desordem do défice de atenção, o espectro autista e a doença bipolar infantil." Conhecida a nova proposta de revisão do manual, que neste momento está a ser testada por psiquiatras, depois de ter passado a fase de discussão pública, Frances questiona novos "erros", como a definição da desordem alimentar compulsiva com base em situações que podem confundir-se com episódios de gula - comer de forma compulsiva pelo menos três vezes por semana. Condena também a definição de uma "desordem cognitiva ligeira", por poder estigmatizar a natural perda de memória com a idade.

Apesar dos avanços científicos, muitos diagnósticos continuam a assentar em listas de sintomas demasiado estáticas. "Não há uma patologia clara no cérebro que os defina, como acontece num AVC ou numa esclerose múltipla", resumiu ao i Alex Tulloch, do departamento de psiquiatria do King''s College London, onde em 2010 foi criado um pioneiro centro de ciências forenses e neurodesenvolvimento. Craig Michael, investigador sénior neste departamento, não tem dúvidas que os avanços da genética e da imagiologia cerebral em breve começarão a dar frutos. "A psiquiatria é talvez a única fronteira da medicina moderna que falta compreender. Provavelmente, este é o período mais entusiasmante para os investigadores nesta área, à medida que vamos descobrindo as bases biológicas para muitas perturbações mentais." Mas na clínica as dificuldades mantêm-se. "Em muitos casos ainda dependemos das consequências para separar os doentes dos não doentes. Por exemplo: a depressão é uma experiência humana comum. Para ser considerada uma doença tem de ser grave, provocar ansiedade, disfunção e incapacidade", explica William Carpenter, especialista do Maryland Psychiatric Research Center e um dos autores do novo manual.

Medicação parcial Sem bases patológicas concretas para a maioria das perturbações, a explosão na venda de antidepressivos ou antipsicóticos pode ser questionada. "A medicação e as terapias psicossociais são eficazes, mas são sempre tratamentos parciais. Chegam muitos medicamentos ao mercado sem qualquer tipo de inovação ou avanço terapêutico", defende Carpenter. Craig Michael acredita que a descoberta de bases genéticas individuais para determinar patologias vai permitir reduzir o tempo de formulação da terapêutica mais correcta e efeitos secundários desnecessários.

Neste campo, Allen Frances defende a classe: "Os especialistas têm uma tendência quase universal para alargar as suas perturbações preferidas: não, como tem sido dito, para ajudar as farmacêuticas, criar novos clientes ou ter mais fundos para investigação, mas muitas vezes pelo desejo genuíno de não perder doentes que possam precisar de acompanhamento."

por Marta F. Reis , Publicado em 04 de Março de 2011 in "Jornal i"

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Mandala 3


Sou eu?

Quem eu?

Serei?

Ou és tu que me dizes que sou...

O que eu não sei se sou...

Mas vou descobrir,

Se sou.

Mandalas 2


E na composição da cor...
Vou deixando muito de mim

Vou conversando com a alma...

Vou crescendo...

Sendo.

Mandalas


Olhar e ver.

A cor a aparecer.

O mundo a fazer sentido.

E neste espaço colorido...

Vai começando...

Qualquer coisa a fazer sentido.

Mandalas....

São...

Mandalas

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Re(começo)

Estamos outra vez em viagem...rumo ao início de mais um percurso e de iniciar mais esta descoberta. Vamos lá abrir as asas e procurar/ encontrar o que de novo nos traz este ano? Eu quero:. Conto contigo! Conta comigo!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Concordo:) Muito.



"Aqui há uns tempos recebi um presente especial. Nada de mais para o olhar de qualquer um dos leitores, pois o valor material do presente era praticamente nulo; mas muito para mim,porque foi um presente único, pessoal, que me distinguiu de todas as outras pessoas que não oreceberam: por outras palavras, fez-me sentir “especial”!

No meu percurso de estudo e profissional também tenho estado ligado a outras coisas“especiais” (infelizmente num sentido diferente da palavra): desde logo ao ensino “especial”; a equipas “especiais”; e sobretudo a “crianças e jovens especiais”… assim se falava e fala nas escolas, nas universidades, nos livros! Quando comecei questionava-me sobre como responder a tanta “especialidade” e sobretudo se teria capacidade para dar resposta (pessoal e técnica) a necessidades e solicitações tão peculiares. Na altura, os meus mestres sabiamente iam-me alertando (direta ou indiretamente) para a necessidade de me focar em primeiro lugar nas relações humanas e esse foi o ponto de partida essencial para a minha evolução. Mas foi só quando comecei a sair do meu gabinete, a organizar grupos de pais, a visitar os meus clientes nas escolas e a liderar reuniões de consultoria com os professores do Ensino Regular, que me apercebi daquela que penso ser a principal razão para se ter que adjetivar de Especial a Educação das crianças e jovens com perfis divergentes de desenvolvimento, comportamento e/ou aprendizagem. É que na grande maioria das vezes as pessoas estão focadas nos problemas,nos sintomas, nas dificuldades; e não nas pessoas, nas crianças e jovens por detrás dessa máscara de características menos boas. Pessoalmente acredito que a Educação Especial não é a Educação das crianças e dos jovens ditos “especiais”. A Educação Especial é a Educação que transmitem os bons Educadores (pais,terapeutas, educadores e professores) a TODAS as crianças e jovens: quando criam disponibilidade para ouvir; quando dão tempo para responder; quando aceitam e partilham."

Francisco Lontro

Psicomotricistafrancisco.lontro@pimpumplay.pt





Estratégias para trabalhar com alunos com diversas probleméticas

Paralisia Cerebral:
• Características: a principal é a espasticidade, um desequilíbrio na contenção muscular que causa tensão. Inclui dificuldades para caminhar, na coordenação motora, na força e no equilíbrio. Pode afetar a fala.
• Recomendações: para contornar as restrições de coordenação motora, use canetas e lápis mais grossos – uma espuma em volta deles presa com um elástico costuma resolver. Utilize folhas avulsas, mais fáceis de manusear que os cadernos. Escreva com letras grandes e peça que o aluno se sente na frente. É importante que a carteira seja inclinada. Se ele não consegue falar e não utiliza uma prancha própria de comunicação alternativa, providencie uma para ele com desenhos ou fotos por meio dos quais se estabelece a comunicação. Ela pode ser feita com papel cartão ou cartolina, em que são colados figuras pequenas, do mesmo material, e fotos que representem pessoas e coisas significativas, como os pais, os colegas da classe, o time de futebol, o abecedário e palavras-chave, como “sim”, “não”, “fome”, “sede”, “entrar”, “sair” etc. Para informar o que quer ou sente, o aluno aponta para as figuras e se comunica. Ele precisa de um cuidador para ir ao banheiro e, em alguns casos, para tomar lanche.
Deficit Intelectual:
• Aja naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com deficit intelectual;
• Trate-a com respeito e consideração, de acordo com sua idade;
• Não a ignore. Cumprimente e despeça-se dela normalmente, como faria com qualquer pessoa;
• Dê atenção a ela, converse e vai ver como pode ser agradável;
• Não subestime sua inteligência. As pessoas com deficit intelectual levam mais tempo para aprender, mas podem adquirir muitas habilidades intelectuais e sociais.

Alunos com deficit intelectual
• Não subestime a inteligência do aluno! Encoraje as perguntas e a expressão de suas opiniões;
• Não superproteja. Deixe que ele faça ou tente fazer sozinha tudo o que puder. Ajude apenas quando for realmente necessário;
• Valorize mais o processo do que o resultado. Mas não ignore os resultados, eles também devem ser esperados e cobrados do aluno;
• Promova a participação em atividades estimulantes e diversificadas;
• Respeite as preferências, os gostos e as decisões do aluno.

Autismo - Transtorno Global do Desenvolvimento

-Características: dificuldades de interação social, de comportamento (movimentos estereotipados, como rodar uma caneta ou enfileirar carrinhos) e de comunicação (atraso na fala). “Pelo menos 50% dos autistas apresentam graus variáveis de deficiência intelectual”, afirma o neurologista José Salomão Schwartzman, docente da pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Alguns, porém, têm habilidades especiais e se tornam gênios da informática, por exemplo.
- Recomendações: para minimizar a dificuldade de relacionamento, crie situações que possibilitem a interação. Tenha paciência, pois a agressividade pode se manifestar. Avise quando a rotina mudar, pois alterações no dia a dia não são bem-vindas. Dê instruções claras e evite enunciados longos.

Condutas típicas:

SÍNDROME DE ASPERGER
• Definição: condição genética que tem muitas semelhanças com o autismo.
• Características: focos restritos de interesse são comuns. Quando gosta de Matemática, por exemplo, o aluno só fala disso. “Use o assunto que o encanta para introduzir um novo”, diz Salomão Schwartzman.
• Recomendações: as mesmas do autismo.

SÍNDROME DE WILLIAMS
Definição: desordem no cromossomo 7.
• Características: dificuldades motoras (demora para andar e falta de habilidade para cortar papel e andar de bicicleta, entre outros) e de orientação espacial. Quando desenha uma casa, por exemplo, a criança costuma fazer partes dela separadas: a janela, a porta e o telhado ficam um ao lado do outro. No entanto, há um interesse grande por música e muita facilidade de comunicação. “As que apresentam essa síndrome têm uma amabilidade desinteressada”, diz Mônica Leone Garcia.
• Recomendações: na sala de aula, desenvolva atividades com música para chamar a atenção delas.

SÍNDROME DE RETT
• Definição: doença genética que, na maioria dos casos, atinge meninas.
• Características: regressão no desenvolvimento (perda de habilidades anteriormente adquiridas), movimentos estereotipados e perda do uso das mãos, que surgem entre os 6 e os 18 meses. Há a interrupção no contato social. A comunicação se faz pelo olhar.
• Recomendações: “Crie estratégias para que esse aluno possa aprender, tentando estabelecer sistemas de comunicação”, diz Shirley Rodrigues Maia, da Ahimsa. Muitas vezes, crianças com essa síndrome necessitam de equipamentos especiais para se comunicar melhor e caminhar.

QUER SABER MAIS?
Associação de Amigos do Autista (AMA), http://www.ama.org.br/
de Assistência à Criança Deficiente (AACD), http://www.aacd.org.br/
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), http://www.apaebrasil.org.br/
Educacional para Múltipla Deficiência, http://www.ahimsa.org.br/
Associação Quero-Quero, http://www.projetoqueroquero.org.br/
Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação (Derdic), http://www.derdic.pucsp.com.br/
Fundação Dorina Nowill para Cegos, http://www.fundacaodorina.org.br/
Fundação Selma, http://www.fund-selma.org.br/
Instituto de Educação para Surdos (Ines), http://www.ines.gov.br/
Laramara – Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual, http://www.laramara.org.br/

Fonte: Revista Nova Escola Edição Especial---------------------------------

domingo, 21 de agosto de 2011

Dislexia...mais uma ajuda? Espero que sim:)

Um tipógrafo holandês concebeu um novo tipo de letra, especialmente desenhado para minimizar os erros cognitivos causados pela dislexia.


A dislexia é responsável por gerar dificuldades na leitura e na escrita, afetando a aprendizagem de milhares de crianças. Calcula-se que a dislexia – cujos sintomas passam por confundir algumas letras, por exemplo, ou dificuldades de associar os sons às letras – afete até 10% da população mundial, manifestando-se de várias maneiras.

A falta de informação dificulta muitas vezes o apoio aos que sofrem de dislexia, que, normalmente, superam as dificuldades apenas através do próprio esforço. Christian Boer, tipógrafo e disléxico holandês, lembrou-se, no entanto, de estudar e criar um novo tipo de letra que poderá representar uma grande ajuda para os disléxicos.

A nova tipografia, chamada Dyslexie, de acordo com um estudo independente da Universidade de Twente, na Holanda, parece ser bastante funcional. Em 2009, 21 alunos com dislexia testaram a Dyslexie e o resultado foi positivo – quando liam textos escritos com a nova tipografia, cometiam menos erros.

“Posso dizer que trabalhei na vírgula durante quatro horas e na letra ‘a’ durante mais de 12 horas”, declarou Boer à revista Fast Company, ilustrando o trabalho que lhe deram as alterações que fez em cada letra do alfabeto e pontuações.

O tipógrafo holandês teve a ideia em 2008, quando começou a otimizar um tipo de letra ao seu próprio olho. Pouco tempo depois, contratou oito pessoas com dislexia para o ajudarem no desenho da tipografia. Uma das características principais do alfabeto Dyslexie é o “peso” das letras, cuja parte inferior foi reforçada para sobressaírem no papel e facilitarem a leitura.
In Movimento Milénio, por Carlos Afonso Monteiro | 27 de Julho de 2011

domingo, 12 de junho de 2011

Na ponta dos dedos!


Seguro com confiança aquilo que conheço.
Desconfio do que me pedem sem que eu saiba o porquê.
E quero confiar...
Quero acreditar...
Que na ponta dos dedos está o segredo...
E pinto como quem sabe...
Que o futuro pertence...
A quem nele acredita.

domingo, 10 de abril de 2011

Psicologia da Educação: Filhos do Coração

Psicologia da Educação: Filhos do Coração: "Era uma noite como outra qualquer. A Luena estava sentada no chão a folhear o álbum de família. Os irmãos brincavam na sala com o Rafa e o M..."

sábado, 26 de março de 2011

Olhar...para além de ver

Olhando para ti vejo um futuro a construir...
Vejo um caminho a percorrer...
Uma semente que germinou e espera...
Aguarda que lhe indiquem a melhor forma de encontrar o sol...
A maneira mais prática de encontrar a àgua...
A forma mais segura de criar raizes.

E é esse o nosso papel.

Espero ser capaz de:

Encaminhar;

Encorajar;

Mostrar...horizontes.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sucesso dos alunos depende pouco de quem são os pais



"Os filhos dos licenciados têm melhores resultados nos exames do secundário do que os descendentes de famílias só com o ensino básico? Os bons resultados dependem da idade dos estudantes? Sim, mas esses dois factores têm um peso de apenas 30 por cento. Os restantes 70 por cento dependem exclusivamente do trabalho feito pelas escolas.

Quem o diz é Cláudia Sarrico, uma das autoras do estudo Perspectivas Diferentes sobre o Desempenho das Escolas Secundárias Portuguesas.
Existem factores como a idade dos alunos (a investigação aponta que quanto mais velhos chegam ao secundário, piores os seus resultados) ou o meio sócio-económico de origem que a escola "não controla". "Mas estas variáveis só explicam 30 por cento dos resultados. Por isso, as escolas têm grande margem de manobra", interpreta Cláudia Sarrico, acrescentando que o que o estudo revela é que há escolas cujos alunos têm bons desempenhos, mas que poderiam ter melhores, são as "escolas à sombra da bananeira", ou seja, têm resultados académicos acima da média nacional, mas são inferiores ao esperado pelas características da escola e dos alunos . Tal como há outras que estão mal posicionadas em termos de resultados dos exames, que têm alunos de meio sócio-económico mais frágil, mas que têm um desempenho acima do esperado.

Depois, em cada extremo, estão as "escolas de elite", com resultados e desempenho superior ao esperado; e as "escolas fatalistas" com resultados e desempenhos maus. As denominações foram criadas pelas investigadoras Cláudia Sarrico, da ISEG-UTL, Margarida Fonseca Cardoso, da Universidade do Porto, Maria João Rosa, da Universidade de Aveiro, e Maria de Fátima Pinto, professora na EB 2,3 de Canedo, para um estudo financiado pelo Ministério da Educação (ME) e a Fundação para a Ciência e Tecnologia.

As docentes debruçaram-se sobre os resultados dos exames nacionais do secundário de Português e de Matemática e a taxa de conclusão no 12.º ano dos cursos científico-humanísticos, no ano de 2009/2010. De seguida, cruzaram esses dados com variáveis como a idade dos alunos, a formação académica e profissão dos pais. Tiveram ainda em conta as características das escolas. Para isso, analisaram o número de alunos por turma, percentagem de raparigas ("há mais raparigas a estudar até mais tarde", explica Sarrico), alunos com apoio social, taxas de progressão e de conclusão do secundário, número de alunos por professor de quadro e a taxa de absentismo dos docentes.

"Esticar os alunos"

Pegando em todos estes critérios, foi calculado o desempenho médio esperado para cada escola, ou seja, tendo em conta as características dos alunos e dos professores, que resultados poderiam ser obtido nos exames e na conclusão do secundário. De seguida, foi construído um ranking não com base nos resultados dos exames, mas tendo em conta o desempenho que se esperaria de cada estabelecimento de ensino; que foram divididos em quatro categorias: escolas de elite, à sombra da bananeira, que surpreendem e fatalistas. As investigadoras não estão autorizadas pelo ME a divulgar a lista.

O que preocupa Cláudia Sarrico são as "escolas à sombra da bananeira". "Há escolas que podiam esticar mais os alunos", diz a investigadora, explicando que a maioria tem planos para os estudantes com maus resultados, mas não tem para os que têm boas notas. "A escola podia ter melhores resultados se também trabalhasse com esses", sugere.

O universo é de 303 escolas públicas onde foram realizados mais de 50 exames de Português e de Matemática (no total existem cerca de 400 com secundário). Na maioria, os alunos terminaram o 12.º ano com 17 anos; 60 por cento são raparigas. Apenas um quinto dos alunos tem apoio social escolar. Quase 40 por cento dos pais tem pelo menos o secundário e tem profissões mais qualificadas. A média das turmas de secundário é de 14,6 alunos; por cada professor do quadro há 12 alunos. A taxa média de absentismo docente é de seis dias por ano, revela ainda este estudo.



in público

Em busca da harmonia familiar



"Não se pense que os especialistas são perfeitos e sabem sempre tudo à primeira. Helena Marujo, professora na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, revela como, um dia, foi surpreendida pelo filho mais novo: «Mãe, ultimamente, só me dás ordens (vai tomar banho, lava os dentes antes de ires para cama, arruma a pasta, olha os sapatos no meio da sala…) ou só me perguntas pelas notas dos testes». Antes, a psicóloga tinha-nos explicado «como é importante ouvir os filhos e aprender com os seus sinais, não ficar preso à ideia de que quem manda são os pais (apesar de esse ser um valor indiscutível), mas ter capacidade de ver a necessidade da sua própria mudança». Por isso, ao ouvir as palavras do filho mais novo, Helena Marujo parou, engoliu em seco, reviu os episódios recentes e relembrou como se «identificava com uma mãe que deseja que a relação com o filho seja, sobretudo, positiva». Estava no momento de mudar a comunicação: «O Thomas tinha toda a razão. E eu apreciei aquele acto de amor, a pedir-me mudança. A cultura da nossa relação, tanto quanto o clima da nossa família, melhorou».



«Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar», assim diz a canção e assim diz também o pediatra Paulo Oom quando os pais se queixam do comportamento dos filhos, mesmo quando os sinais não são tão evidentes como no caso de Thomas. «Se a criança tem um comportamento inadequado repetidamente, como estar sempre a fazer birras, a dizer não, a ameaçar verbalmente ou fisicamente, é porque já percebeu que funciona e que pode manipular os pais dessa forma.» Também estas atitudes são sinais. «Está na altura de mudar alguma coisa», alerta o pediatra. Mudar como ou o quê? O ambiente que se vive em casa é o aspecto mais importante e que mais vai determinar o comportamento de uma criança, defende Paulo Oom. E um bom ambiente não é necessariamente sinónimo de galhofa constante, sem regras, nem ordens. «Os pais têm medo de exercer a autoridade, como se isso fosse provocar algum dano psicológico ou algum trauma na criança, quando é o contrário. A criança sente-se melhor sabendo que tem limites», diz o pediatra.

A respeito de autoridade, Patrícia Bandeira, educadora de infância na Cooperativa de Educação A Torre, lembra uma frase que, não sendo de sua autoria, reflecte a sua opinião: «A palavra autoridade tem má fama, especialmente no campo da educação». Mas não tem de ter, explica a educadora: «Vem do latim e, em traços gerais, significa aumentar, fazer crescer, acrescentar, fazer mais e melhor». Na educação, a autoridade serve para «fazer crescer com regras, firmeza, paciência e verdade». Quantas vezes os pais se perguntam por que razão os filhos se portam sempre bem na escola e chegam a casa e é o caos? A solução aponta novamente para o ambiente. «É natural que uma criança cansada, ao fim do dia, precise de uma atenção diferente daquela que teve na escola. Por outro lado, a escola, se tiver um ambiente adequado, torna-se um local onde, em geral as crianças se sentem bem.»

Na escola, nestas escolas onde as crianças se sentem bem, há regras, mas também há muito mimo. «A autoridade anda de braço dado com o afecto. O afecto é o que diz a verdade às crianças. Elas sabem ler, através dos afectos e, assim, conseguimos o que queremos», diz Patrícia Bandeira. O afecto está nas brincadeiras, no tempo disponível, na alegria. «A diversão é uma das melhores armas que os pais têm para educar os filhos», assegura Paulo Oom. «E divertimento e autoridade não são incompatíveis», acrescenta. Se uma criança se sente feliz, se sente que os seus pais estão felizes, têm tempo para ela, brincam com ela, vai «encarar melhor a disciplina». Helena Marujo corrobora: «Falar de disciplina é falar de tempos de alegria juntos, de cantorias, de danças, de risos e jogos, de pedidos de desculpa e de gratidão, de compreensão e meiguice…». Só aceitamos a autoridade, explica, «de quem respeitamos, não de quem temos medo, e o respeito vem da admiração e do amor ao modelo.»

ACERTAR OS RITMOS

Há situações incontornáveis que sacodem a estabilidade e alteram o ambiente. É preciso resistir a elas. Como aconteceu com o Bernardo. Aos dois anos, nasceu a irmã, precisamente na mesma altura em que os pais andavam mais ocupados (e preocupados) profissionalmente. O Bernardo, «uma criança sensível, querida e enérgica», nas palavras da mãe, Ivone Costa, tornou-se um desafiador incansável. O momento mais difícil do dia era o jantar, com os pais a terem de andar atrás dele pela casa com a colher cheia de comida. Mas qualquer situação que exigisse o mínimo de concentração e sossego era um tormento. Ao final do dia, os pais levavam-no sempre ao jardim, «para gastar as energias». Servia de pouco. Quando chegavam a casa, a rotina jantar, brincar, banho, dormir era uma luta, longe da harmonia familiar que se deseja. Na cabeça dos pais sempre esteve a palavra mudar e foram tentando até encontrar a estratégia que deu melhores resultados. Em vez de o levarem ao jardim, optaram por ir para casa mais cedo. As rotinas passaram a ser feitas com mais tempo, mais calma. O Bernardo foi sossegando. Coincidiu com o primeiro aniversário da irmã, com os pais terem ultrapassado o momento complicado da vida profissional. Continua a ser o menino «sensível, querido e cheio de energia», mas menos desobediente. Pode ter sido uma fase, mas Ivone acredita que terem encontrado os ritmos certos contribuiu para a mudança. É também por isso que na escola, quase sempre, tudo corre bem.

A escola, frisa Patrícia Bandeira, «dá resposta e está organizada e pensada para as crianças». Nada falha. Em casa, o cansaço dos pais, a pressão que sentem, a falta de ajuda nem sempre contribuem para o tal bom comportamento que se deseja numa criança. A educadora dá exemplos de erros crassos: «As crianças não devem ter o horário dos adultos; não devem comer na cozinha primeiro para ser mais rápido; não devem ver televisão enquanto os pais querem sossego em casa; não devem ser arrastadas para centros comerciais, restaurantes ou outros programas dos pais». Em suma: «Uma criança com a vida organizada é uma criança feliz».

MANTER A COERÊNCIA

A palavra preferida de Carolina, quatro anos, é “não”. «É particularmente rebelde e faz oposição regularmente», descreve a mãe, Paula Barbosa. Se é para ir comer, diz não; se é para arrumar o quarto, diz não; se é para ir vestir, diz não. Paula sente que a filha «tenta sempre esticar a corda», que «está constantemente a medir forças», a «testar». Em locais públicos, a situação agrava-se. Carolina sabe que a mãe não será tão exigente. Aliás, ela sabe perfeitamente quando se porta mal e quando se porta bem, pois pede desculpa depois de uma birra e procura a confirmação da mãe quando o dia corre sem teimas. Paula tem várias estratégias para lidar com a filha nas situações de conflito: contar até três, pô-la de castigo, ignorar as birras em locais públicos, chamar a atenção para outras coisas, e vai conseguindo que a filha lhe dê ouvidos. «Mas é uma luta constante», desabafa. «Estamos sempre a negociar».

Paulo Oom identifica precisamente aí o problema: «Uma criança que diz não a tudo já sabe que o que os pais dizem é negociável. O que a mãe manda não é para cumprir, não é visto como uma ordem, mas como uma intenção». Mudar, nestes casos, vai ser difícil, prevê o médico. «Vai haver um período de transição complicado, que ninguém vai gostar», adverte.

Porque, com as crianças, «não há voltar a dar-lhes», afirma Patrícia Bandeira: «É verdade que as crianças são todas diferentes, é verdade que eu tenho estratégias para falar com elas. Mas quando queremos, nós, adultos, temos de usar a autoridade». A palavra mete medo, de facto, como se dizia no início do texto, tal como outra: permissividade. Os pais vivem divididos entre serem muito autoritários ou muito permissivos. Será possível encontrar um meio-termo? «Claro», responde Patrícia Bandeira, sugerindo um pequeno exercício: «No que é importante para mim e não posso ser permissivo, toca a ser autoritário. Posso ser permissivo em muitas coisas, porque os meus filhos também têm a capacidade de decidir».

E tanto os «sim», como os «não», como os «talvez, vou pensar nisso» devem ser ditos «sem receios, com serenidade, segurança, clareza, voz calma, coerência e previsibilidade, temperança na gestão das próprias emoções», recomenda Helena Marujo. Coerência e justiça, sublinha, contando mais um episódio revelador: «Há um tempo, um jovem de 15 anos, perdido na vida, já fora do sistema de ensino, sem rumo, nem metas, dizia-me: ‘Os meus pais sempre me deram toda a liberdade. Sempre fiz o que quis, tive o que quis. Prometeram-me uma mota se eu passasse de ano. Eu chumbei, mas ganhei a mota na mesma. Mas vou dizer-lhe uma coisa, um dia que eu tenha filhos, não vou fazer com eles o que os meus pais fizeram comigo. Gostava que de vez em quando me tivessem dito que não…’».



in paisefilhos

domingo, 2 de janeiro de 2011


“Tudo sobre a Síndrome de Asperger”
No dia 16 de Dezembro, a Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger lançou o livro “Tudo sobre a Síndrome de Asperger” esta doença afecta cerca de 40 mil crianças e jovens em Portugal.


O psicólogo clínico e autor do livro, Tony Attwood, dá os parabéns às crianças a quem é diagnosticada a síndrome. "Isto não significa ser maluco, mau ou deficiente, mas sim pensar de maneira diferente", explica.


“A Síndrome de Asperger é uma forma de autismo e afecta sobretudo as competências sociais das crianças, que sentem dificuldade em socializar. Suspeita-se que personalidades como Fernando Pessoa, Albert Einstein, Isaac Newton, Mozart tiveram esta síndrome.