quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Gamela...


Para recordar que todos somos deficientes....
E que caminhamos para o ser cada vez mais.
Quando aprenderemos?

Viviam juntos o pai, a mãe, um filho de 5 anos, e o avô, velhinho, vista curta, mãos trêmulas. Às refeições, por causa de suas mãos fracas e trêmulas, ele começou a deixar cair peças de porcelana em que a comida era servida. A mãe ficou muito aborrecida com isso, porque ela gostava muito do seu jogo de porcelana. Assim, discretamente, disse ao marido: - Seu pai não está mais em condições de usar pratos de porcelana. Veja quantos ele já quebrou! Isso precisa parar... O marido, triste com a condição do seu pai mas, ao mesmo tempo, sem desejar contrariar a mulher, resolveu tomar uma providência que resolveria a situação. Foi a uma feira de artesanato e comprou uma gamela de madeira e talheres de bambu para substituir a porcelana. Na primeira refeição em que o avô comeu na gamela de madeira com garfo e colher da bambu o netinho estranhou. O pai explicou e o menino se calou. A partir desse dia ele começou a manifestar um interesse por artesanato que não tinha antes. Passava o dia tentando fazer um buraco no meio de uma peça de madeira com um martelo e um formão. O pai, entusiasmado com a revelação da vocação artística do filho, lhe perguntou: - O que é que você está fazendo, filhinho? O menino, sem tirar os olhos da madeira, respondeu: - Estou fazendo uma gamela para quando você ficar velho... Pois é isso que pode acontecer: se os seus filhos não aprenderem a conviver numa boa com crianças e adolescentes portadores de deficiências, eles não saberão conviver com vocês quando vocês ficarem deficientes.

Para poupar trabalho ao seu filho ou filha sugiro que visitem uma feira de artesanato.

Lá encontrarão maravilhosas peças de madeira... Ruben Alves

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Hoje.


Apetece- me descobrir o sentido correcto.
Saber se os sinais estão no sítio certo.
Perceber o Mundo e os seus códigos secretos.
Ter acesso ao mistério da palavra.
Aos segredos escondidos no virar da página.
E...acordar a saber ler o invisível...
A compreender o Universo...
E a acabar o meu sonho em verso.

"Síndrome de Usher retirou a visão a Carolina Canais, que gostava de ser escritora mas que, para já, quer apenas ter uma licenciatura.

Carolina Ferreira Canais é a primeira aluna surda e cega a ingressar na universidade. Tem 44 anos e muita vontade de continuar activa, agora que está reformada devido à perda de visão que tem sofrido nos últimos cinco anos. É surda de nascença e escolheu o curso de Língua Gestual Portuguesa da Universidade Católica de Lisboa, o único perfeitamente adaptado e pensado para quem tem deficiência auditiva, pois todas as aulas são dadas em língua gestual.

Porém, receber a Carolina exigiu um esforço redobrado por parte da universidade, tanto em recursos humanos e como em financeiros, já que foi preciso contratar dois guias-intérpretes para a acompanhar e traduzir as aulas em língua gestual táctil e converter os manuais em braille.

Foi preciso criar aulas presenciais com um tutor, porque o curso funciona maioritariamente através de vídeoconferência. De tal forma que a turma só se encontra ao sábado, de quinze em quinze dias, para oito horas de aulas que cobrem três áreas: ciências da linguagem, ciências da educação e neurociências. O objectivo é formar professores, criando uma oportunidade para os 35 000 surdos portugueses. "Porque eles não têm problemas cognitivos", explica a coordenadora do curso, Ana Mineiro. Só precisam que a comunicação lhes seja adaptada.

Durante pouco mais de três anos, será este o desafio de Carolina. Veio em busca de "um novo caminho" porque não gosta de estar "de braços cruzados". Sonha ser escritora, mas nunca tinha pensado voltar à escola, até se ver "encostada".

Trabalhava como funcionária administrativa na Indústria Aeronáutica de Portugal, mas há quatro anos a perda de visão levou-a à reforma. "Percebi que o meu pesadelo se ia concretizar." Descobriu que tinha a síndrome de Usher, de tipo I, e que iria ficarcega.

Mas não baixou os braços. Queria aprender braille, a usar a bengala, a orientar-se. Tudo o que precisasse para continuar a fazer a sua vida sozinha. E então foi para o Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos, que a princípio não a queria receber por ser surda e não estar completamente cega. "Mas aquela era a melhor escola para cegos de Portugal, e eu batalhei porque não queria entrar noutra."

Hoje, a sua cegueira ainda não é total, apesar de estar progressivamente a piorar, e diz-se "solteira e independente". Vai, sem ajuda, ao centro de artes, ao café, às compras ou à natação. Aprendeu a cozinhar pelo olfacto e a tratar da roupa sem a ver. Vive num lar em Lisboa, dactilografa com a ajuda de um teclado de comunicação aumentativa e usa uma lupa para escrever mensagens no telemóvel.

"Distingo tudo pelo toque", conta. Os ouvintes comunicam com ela desenhando as letras na palma da sua mão, os surdos por língua gestual apoiada, também nas mãos. Mas para comunicar, utiliza a língua gestual, que é a sua língua natural desde criança.

A fala só aprendeu aos 24 anos, com a ajuda de uma terapeuta. Mas o seu rosto transparece muito mais. A expressão acrescenta significado ao gesto. Como em qualquer língua, na linguagem gestual há regionalismos e calão. Mais ainda, uma "cultura surda" assente nela".

In DNonline

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Nova Formação


A formação de 225 professores para a prevenção da violência e gestão de conflitos nas escolas é o objecto do protocolo de cooperação hoje celebrado entre o Ministério da Educação e a Universidade de Coimbra. Uma medida que João Amado, coordenador científico do curso e investigador na área da indisciplina escolar, considera "essencial, embora insuficiente".

"Desde que comecei a trabalhar nesta área, no início dos anos 90, a indisciplina (entendida num sentido lato) não só aumentou como se generalizou. Hoje não se confina a uma ou outra escola dita problemática e tem, na maior parte das vezes, raízes nas famílias dos alunos, umas vezes por estas serem desestruturadas, outras porque são cada vez mais permissivas e menos capazes de incutir regras nas crianças", considera Amado.

É naquele contexto que o investigador da Faculdade de Psicologia sublinha a necessidade de o Ministério da Educação complementar a acção de formação de professores com outras medidas, "como a contratação de psicólogos, de assistentes sociais e de auxiliares em número suficiente e com formação em mediação de conflitos".

Funcionando como um projecto-piloto neste ano lectivo, o curso sobre Violência e Gestão de Conflitos na Escola será ministrado por docentes da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra a 225 professores de 15 escolas indicadas pelo Ministério da Educação. A formação, contudo, não será conjunta, mas feita de forma sucessiva, ao longo de cinco edições.

Segundo João Amado, em cada edição serão formados três grupos de 15 docentes de três escolas. Por estabelecimento de ensino, cinco professores farão um curso de três meses e dez colegas um curso de um mês. O objectivo é que, no fim do ciclo de formação, os 15 docentes de cada escola estejam aptos a funcionar como uma equipa e a concretizar o projecto de prevenção da violência desenvolvido durante o curso, explica.

Henrique Madeira, vice-reitor responsável pelo projecto ED.UC (Ensino à Distância da Universidade de Coimbra), acredita que este curso, acreditado pelo Conselho Científico-Pedagógico de Formação Contínua de Professores, será aberto à generalidade dos docentes em 2011-2012. Este ano a oferta formativa é "esgotada" pelos docentes indicados pelo ministério, junto do qual o PÚBLICO não conseguiu apurar quais as escolas envolvidas e como foram seleccionadas.
in "público on line"

sexta-feira, 1 de outubro de 2010


Tipos de tecnologias de apoio (TA) *

Estas tecnologias são concebidas para fornecer uma acessibilidade adicional a pessoas com dificuldades de natureza física ou cognitiva.

Periféricos alternativos ou adaptados – permitem o controlo do computador através de outros dispositivos para além do teclado e/ou rato padronizados. Exemplos:

* Teclados alternativos ou adaptados — apresentam teclas ou o próprio teclado de tamanho maior ou menor que o standard, uma configuração alternativa das teclas ou um teclado para utilização com uma única mão.

* Dispositivos apontadores electrónicos — usados para controlar o cursor sem utilizar as mãos - funcionam por ultra-sons, infra-vermelhos, movimentos oculares, sinais nervosos ou ondas cerebrais.

* Dispositivos de sopro — activados por inalação ou sopro.

* Ponteiros — fixados na cabeça, seguros pela boca ou acoplados ao queixo, são usados para pressionar as teclas do teclado.

* Joysticks (comandos) — dispositivos movidos pelas mãos, pés, queixo, etc. usados para mover o cursor no ecrã.

* Trackballs— bola móvel, montada no topo de uma superfície que pode ser usada para mover o cursor no ecrã.

* Ecrã táctil — permite a selecção directamente ou activação de um computador através de toque no ecrã, facilitando a selecção directa de uma opção, funcionando como alternativa ao rato ou ao teclado. O monitor pode possuir já o ecrã táctil, ou este ser adicionado se necessário.

* Impressoras de Braille – transferem texto escrito de um computador para Braille. Programas de conversão para Braille transformam texto digitalizado ou criado num processador de texto em Braille, o qual pode ser impresso com estes dispositivos.

Outras Tecnologias de Apoio

Filtros de teclado - são dispositivos de ajuda à utilização do teclado, como por exemplo, escrita inteligente de palavras [antecipação/predição de palavra em função do(s) caracter(es) inseridos] e correcção ortográfica que reduzem o número de utilizações das teclas. Possibilitam o acesso rápido aos caracteres evitando a utilização inadvertida de teclas.

Sinalizadores luminosos de alertas - monitorizam os sons do computador e alertam o utilizador através de sinais luminosos. Útil quando o utilizador não consegue ouvir os sons do computador ou não está directamente na frente do monitor. Por exemplo, um sinal luminoso pode comunicar a chegada de correio electrónico ou a conclusão de um comando.

Teclado no ecrã – fornece uma imagem de um teclado padrão ou adaptado no ecrã que permite ao utilizador seleccionar teclas através de um rato, ecrã táctil, trackball, joystick, switch (interruptor) ou dispositivo apontador electrónico. Frequentemente possui uma opção de varrimento que permite realçar teclas individuais a seleccionar pelo utilizador. Útil para indivíduos com dificuldades de coordenação e/ou movimento.

Ferramentas de leitura e programas para dificuldades de aprendizagem – incluem software e hardware concebido para tornar os materiais/recursos baseados em texto mais acessíveis a indivíduos com dificuldades de leitura. As opções podem incluir digitalização, reformatação, navegação, ou leitura de texto em voz alta. Estes programas são úteis para indivíduos com dificuldades de visualização ou manipulação de materiais convencionais impressos, pessoas que estão a desenvolver novas capacidades ao nível da literacia ou da aprendizagem de uma língua estrangeira e pessoas com uma melhor compreensão do texto quando este é simultaneamente ouvido e destacado visualmente.

Linha Braille – fornece uma saída táctil da informação apresentada no ecrã do computador. Uma “célula” Braille é composta por uma série de pontos (seis ou oito). O padrão de pontos e combinações possíveis são usados em vez de letras. As linhas Braille mecanicamente levantam pequenos pinos arredondados, de metal ou plástico, para criar caracteres Braille. O utilizador lê estes caracteres com a ponta dos dedos e, no final da linha, actualiza o “mostrador” para ler a linha seguinte.

Ampliadores de ecrã – funcionam como uma lupa, ampliando uma parte do ecrã, melhorando a legibilidade e o visionamento de itens no computador. Alguns ampliadores permitem ao utilizador ampliar ou reduzir áreas específicas do ecrã.

Leitores de ecrã – são usados para transformar em voz sintetizada, ou Braille, tudo o que surge no ecrã, incluindo texto, gráficos, botões de comando e menus. Basicamente, os leitores de ecrã transformam a interface gráfica em interface auditiva/táctil. São ajudas essenciais para os utilizadores com baixa visão ou cegos.

Programas de reconhecimento de voz – permitem dar comandos e inserir dados através da voz em vez do teclado e/ou rato standard. Usam um microfone ligado a um computador que pode ser usado para criar documentos de texto ou mensagens de e-mail, navegar na Internet, e navegar entre aplicações comuns e menus através da voz.

Text-to-Speech (TTS) ou sintetizadores de voz – recebem informação escrita do ecrã e transmitem a informação em voz sintetizada. Permitem aos utilizadores cegos ou com dificuldades de aprendizagem ouvirem a informação que inserem. Podem ainda servir como comunicação aumentativa/alternativa a indivíduos impossibilitados de o fazer, seja através de um registo escrito ou pela selecção de símbolos pictográficos de comunicação (ex.: SPC).

Processadores de texto com síntese de voz e caracteres ampliados – são programas que usam sintetizadores de voz para dar feedback auditivo daquilo que é inserido. Os processadores de texto de caracteres ampliados permitem ao utilizador ver tudo em texto aumentado, sem recurso a outros ampliadores de ecrã. Este tipo de processador de texto está de algum modo ultrapassado, pelas possibilidades que os processadores de texto comuns já integram.

Modems de conversão TTY/TDD (Teletypewriter /Telecommunications Devices for the Deaf**) (Sistemas de comunicação baseados em texto) – modems que estabelecem ligação entre computadores e telefones para permitir que uma mensagem de texto seja inserida num computador e enviada para um telefone TTY/TDD ou outro equipamento equipado com Baudot ***.
in http://acessibilidade.pbworks.com

sábado, 25 de setembro de 2010


COMUNICAR 2010

A ANDITEC – empresa totalmente dedicada às Tecnologias de Apoio e membro da Rede de Empresas Spin-Off do IST - o Centro de Análise e Processamento de Sinais do Instituto Superior Técnico (CAPS/IST) e a Faculdade de Engenharia da Universidade Católica Portuguesa (FE/UCP), vai realizar-se nos dias 4 e 5 do próximo mês de Novembro, em Lisboa, o Congresso “COMUNICAR 2010”, totalmente dedicado à área da COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E DAS TECNOLOGIAS DE APOIO.


SERÃO ABORDADOS OS SEGUINTES TEMAS:
Intervenção Pedagógica e Comunicação Aumentativa
Multideficiência e Comunicação Aumentativa
Doenças Neurológicas Progressivas e Comunicação Aumentativa
Cuidados Continuados e Comunicação Aumentativa
Investigação e Desenvolvimento em Tecnologias de Apoio para a Comunicação Aumentativa
Formação em Comunicação Aumentativa (Mesa Redonda)
Prescrição de Tecnologias de Apoio à Comunicação Aumentativa (Mesa Redonda)

ORADORES CONVIDADOS:

Professor Albert Cook – Universidade de Medicina Física e Reabilitação de Alberta, Canadá. Especialista internacional de reconhecido mérito na área das tecnologias de apoio, autor do livro de referência “Assistive Technology”;


Professor Julio Abascal - Universidade do País Basco, Espanha. Catedrático de Informática na área de aplicações a pessoas com deficiência, Director do “Laboratório Interacção Pessoa com “Deficiência-Computad or” da referida Universidade.


Especialistas nacionais de reconhecido mérito nas área temática do congresso.

DESTINATÁRIOS:

Profissionais de saúde (médicos, terapeutas, enfermeiros, etc.);
Profissionais de educação (professores, educadores, psicólogos, etc.);
Engenheiros de reabilitação, investigadores;
Utilizadores de tecnologias de apoio à comunicação, familiares e cuidadores.


PREÇO DE INSCRIÇÃO:

50€ (até 30 de Setembro)
60€ (após 30 de Setembro)



Retirado de "Sem barreiras.org"

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Lápis em fuga. (Dedicado a um aluno especial)


Primeiro inseguro...

um traço no escuro...

depois mais ousado...

um passo bem dado...

E...conquistas o mundo...

Na ponta do lápis...

Vais ganhando gosto...

Vais fazendo um esforço...

E vais reconheçendo...

Os sinais...

Que...

Vais esquecendo...

Uns dias menos...outros mais...

E de novo...

Outra vez!

Um traço maior...

Uma linha traçada...

Como asa lançada...

Em voo picado.

Ai, que não te entendo...

Lápis vagabundo...

Sais... não dizes nada...

É aqui que eu te quero...

Não fujas outra vez...

Preciso de ti...

Para desta feita...atinar com a matemática...com o português...

Sossega.

Lápis vagabundo...

vagueias sem rumo...

Esqueces as " obrigações" deste Mundo?

Nova Viagem...


E de novo vamos encetar a viagem...
Mais uma linha de partida...
Quem sabe onde está a meta...
Quem descobre a pista certa?

Quem ajuda a descobrir os atalhos?
Quem poderá transformar o inatingível, no acessível?

Só o acreditar, o investir...

O trabalhar.

E acima de tudo... O Gostar.

domingo, 8 de agosto de 2010


A perturbação do processamento auditivo (PPA) é uma disfunção auditiva que afecta cerca de 7% das crianças, segundo estudos recentemente realizados EM Inglaterra, que podem acarretar dificuldades no processo de aprendizagem.


Os primeiros anos de vida são fundamentais para que a criança amadureça as vias auditivas, contudo, este processo de estimulação tem início ainda na gravidez, uma vez que é nesta fase que a comunicação é responsável por formar um vínculo entre a mãe e o bebé.

Todos nós nascemos com o ouvido pronto, em termos estruturais, mas o que nos permite diferenciar a voz materna da paterna, reconhecer a melodia de uma música, perceber se o tom de voz transmite raiva ou alegria é a experiência sonora que temos na nossa vida.

Nem sempre o "ouvir mal" significa surdez, uma vez que podemos considerar diversos tipos de perda auditiva. Podemos ser capazes de detectar a presença de um som, mas ouvi-lo com fraca qualidade e não conseguir percebê-lo e discriminá-lo.

É o que se verifica em crianças com perturbação do processamento auditivo. A criança com PPA ouve bem, desde que não seja em ambientes ruidosos. No entanto, se o ambiente for perturbado por ruídos de fundo a criança pode apresentar dificuldades em compreender e reconhecer os sons, trocando a informação recebida, pois quando a informação chega ao sistema auditivo, parte da mensagem já foi perdida.

Numa criança com perturbação do processamento auditivo é comum demorar algum tempo para responder a uma pergunta, por achar que não escutou bem, ou pedir para que os pais repitam a informação. A criança diz muito "hã?", "o quê?", troca palavras parecidas (tais como "semente" por "você mente"), e troca algumas letras na escrita e às vezes na fala (" faca" por "vaca").

Sabe-se que cerca de 5% das crianças em idade escolar, ou 7% como no estudo acima citado, tem as suas vias auditivas pouco estimuladas e desenvolvidas. Nestas crianças a informação "chega ao destino", ou seja, elas ouvem tudo, porém, demoram mais a processar aquilo que escutam porque o cérebro não sabe o que fazer com os sons.

Quando escutamos a professora e conseguimos estar atentos a ela, mesmo que tenha ruído na sala ou que o colega do lado fale muito, temos uma função auditiva que nos ajuda a aprender. Deste modo, temos de ter em conta que o ouvido é a porta de entrada de grande parte da nossa aprendizagem (fala e escrita) e que uma disfunção no sistema auditivo compromete a identificação e compreensão dos sons que rodeiam a criança, impedindo-a de usufruir das suas competências auditivas.

E como é que a PPA pode ter implicações no quotidiano escolar do seu filho ou aluno? Se considerarmos que os processos de linguagem se desenvolvem em consonância com o processamento auditivo, então uma disfunção neste sistema prejudicará a fala da criança, e consequentemente a leitura e a escrita acabam por ser também afectadas. Assim, uma criança pode ter dificuldades em falar bem se não souber lidar com os sons.

Ter uma imaturidade do sistema auditivo significa ser especial? Necessitar de apoio especial? Nem sempre... É possível uma criança ter PPA e não sofrer em nada com isso. Na maioria das vezes observamos alguma dificuldade na linguagem associada à PPA: trocas de sons na fala, dificuldades académicas, bem como na leitura e escrita, e problemas comportamentais, como a desatenção.

O mais importante é verificar os sintomas e procurar ajuda de um especialista para avaliar a função auditiva central.


Fique atento a algumas questões:

1. O seu filho tem dificuldade em escutar ou entender em locais com barulho?
2. Tem dificuldades de entender quando alguém fala de forma mais rápida?
3. Tem dificuldade de seguir instruções orais?
4. Tem dificuldade de discriminar os sons da fala?
5. Dificuldades com a leitura?
6. Facilmente distraído?
7. Pede para repetir as informações?
8. Não memoriza o que escuta?

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ponto de Admiração :)


Se há ponto final.
Se há ponto de interrogação?
Se há ponto de exclamação!
Quero inventar... o ponto de admiração:)

Admiro...
a Coragem...
a vontade de vencer...
que os alunos com quem trabalho...
mostram ter.

Para vós...especialmente para vós...
O meu ponto de admiração:)
E reconheço que em cada um existe:
Um tesouro a descobrir;
uma história a desvendar...
um caminho para ajudar a caminhar...
uma paleta de cor...
prontinha a usar...
para dar cor às ideias cinzentas,
com que vos querem formatar.

Nasceu o Livro "Sara, a Luz!”, sobre a temática do Sindrome de Down / Trissomia 21.

Em resultado de todo o meu percurso com a Sara, da falta de informação, formação, ignorância e mesmo maledicência, mais o total desapoio que os pais tem nesta caminhada, nasceu o livro “Sara, a Luz!”(...)

O mote deste lançamento foi: Falar de Síndrome de Down, é falar de Capacidade, Potencial e Felicidade”, porquanto depois da pequena Sara ter dado as honras de abertura do evento, apresentando-se, dizendo o nome do seu livro, apresentou uma curta-metragem, em Windows Movie Maker, que foi feita com base em fotos do seu dia-a-dia, na escola, em família, em actividades diversas, como por exemplo a sua prestação nas aulas de música.

Porque pretendo e espero que este testemunho, possa ser mais uma ferramenta num trilhar de caminho rumo a um futuro mais apoiado e integrado, onde a sociedade abra as suas portas e num espírito solidário, de respeito e de valorização apoie na construção de um projecto de vida, para todas as crianças com este e outros quadros, contactei o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, no sentido de lhe divulgar o meu livro, aprecia-lo e ajudar-me a que a mensagem de esperança do mesmo pudesse chegar a mais pais, muito mais além. Foi neste sentido e com a maior felicidade que não só vi esta divulgação chegar mais além, como ainda recebi da parte do Professor, um elogio que me tocou e sensibilizou, afinal este livro foi escrito tão somente com voz e coração de mãe.

Aqui fica o link para quem quiser ver e ouvir a recomendação do Professor Marcelo Rebelo de Sousa - http://www.tvi24.iol.pt, (dia 18 no Jornal da Noite na TVI), também ele um homem de causas solidárias e de facto mais uma oportunidade de igualdade para estas crianças se consolidou.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

IPSS cria empresa de silvicultura - JN

IPSS cria empresa de silvicultura - JN

Estão a aumentar os casos de violência contra crianças em famílias ricas - Portugal - DN

Estão a aumentar os casos de violência contra crianças em famílias ricas - Portugal - DN

País - Terapia da fala em jardins de infância - RTP Noticias, Vídeo

País - Terapia da fala em jardins de infância - RTP Noticias, Vídeo

Pablo voltou a andar com hormonas de crescimento - Ciência - DN

Pablo voltou a andar com hormonas de crescimento - Ciência - DN

Hiperactividade é a perturbação mais diagnosticada - Portugal - DN

Hiperactividade é a perturbação mais diagnosticada - Portugal - DN

Prótese ocular sintética br está a chegar

Prótese ocular sintética br está a chegar

terça-feira, 11 de maio de 2010

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Determinismo...não obrigada.


Pela tua embalagem consigo adivinhar o teu conteúdo?
Pela tua condição consigo saber o teu futuro?
Pelo teu rótulo apreendo toda a tua mensagem?
Nasceste com o futuro marcado?
Ajudo- te a construir ou a desistir?
Ficamos nos lugares comuns?

Ficamos no conforto?
Arrastamos a vida?

Levantamos voo?

Acreditamos no poder de cada um?
Sim....eu acredito.
Não...não adivinho futuros...
Sim...aposto...sempre...no positivo.

No melhor de cada um.

terça-feira, 20 de abril de 2010

TIC e Educação Especial

A Portaria n.º 731/2009, de 7 de Julho, criou o sistema de formação e de certificação em competências TIC (tecnologias de informação e comunicação) para docentes proposto pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 137/2007, de 18 de Setembro.
O sistema de formação e de certificação em competências TIC deve estar disponível a todos os docentes em exercício de funções nos estabelecimentos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, independentemente dos grupos de recrutamento em que estejam integrados.
Nesse sentido, procede -se à alteração do anexo I da Portaria n.º 731/2009, de 7 de Julho, de forma a contemplar a educação especial no elenco de opções do curso de formação contínua obrigatório em ensino e aprendizagem com TIC.
A Portaria n.º 224/2010, veem aditar, ao elenco das opções do curso de formação contínua obrigatório «Ensino e aprendizagem com TIC», constante do n.º 2 do anexo I da Portaria n.º 731/2009, de 7 de Julho, a opção «Na educação especial», dirigida aos docentes que integrem esse grupo de recrutamento.

Computadores e NEE

A Microsoft vai lançar um guia para professores e educadores aprenderem a adaptar os computadores para crianças com necessidades especiais de acessibilidade. O manual foi apresentado ontem, no Encontro Nacional das Associações de Pais, em Évora.

Muitas destas funcionalidades já estão presentes no sistema operativo Windows, lembrou ao PÚBLICO a responsável pela área da educação na empresa, Adelaide Franco, mas muitas pessoas não as conhecem. O manual, que já foi lançado nos EUA há algumas semanas, foi adaptado e estará disponível por download, mas a Microsoft vai também discutir com o Ministério da Educação outras possibilidades de distribuição.

A Microsoft tem ainda quase concluído um jogo didáctico desenvolvido em parceria com a associação Diferenças, especializada em crianças com necessidades educativas especiais. "A tecnologia dos jogos é um dos meios mais eficazes [na aprendizagem]", explicou Miguel Sales Dias, também da Microsoft.

Em parceria com outras empresas e com as Universidades do Porto e de Aveiro, a Microsoft está ainda a desenvolver tecnologia para facilitar o uso de computadores por pessoas com problemas de mobilidade, por idosos e por crianças. A iniciativa, chamada Living Usability Lab, integra soluções de reconhecimento de fala - "estamos a fazer as primeiras experiências de português falado para interagir com o Twitter", refere o responsável - e de gestos. Outro dos objectivos é a monitorização da localização e dos sinais vitais das pessoas dentro de casa e até a criação de um assistente pessoal digital. Os primeiros protótipos devem estar prontos "em Junho ou Julho".

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O que eu quero?


Passar a palavra...

A mensagem...

A vontade...

De fazer mais e melhor...

De não me deixar vencer...

pelo cansaço;

pela inércia...

pelo desalento.

Quero acreditar...

no aqui, no agora...

e no amanhã....

que virá...

e, que quero ajudar a construir.
Prontos para partir???

terça-feira, 13 de abril de 2010

Poder apreciar...sentir...transmitir...comunicar.


São cinco os transtornos caracterizados por atraso simultâneo no desenvolvimento de funções básicas, incluindo socialização e comunicação :

1 - O autismo : é uma desordem global do desenvolvimento. É uma alteração que afceta a capacidade da pessoa comunicar, estabelecer relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente - segundo as normas que regulam estas respostas.
Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam importantes retardos no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. Os diversos modos de manifestação do autismo também são designados de Espectro Autista, indicando uma gama de possibilidades dos sintomas do autismo.
Um dos mitos comuns sobre o autismo é de que pessoas autistas vivem em seu "mundo próprio" interagindo com o ambiente que criam; isto não é verdade. Se, por exemplo, uma criança autista fica isolada em seu canto observando as outras crianças brincarem, não é porque ela está desinteressada nessas brincadeiras ou porque vive em seu mundo, é porque simplesmente ela tem dificuldade de iniciar, manter e terminar adequadamente uma conversa.
Outro mito comum é de que quando se fala em uma pessoa autista geralmente se pensa em uma pessoa retardada que sabe poucas palavras (ou até mesmo que não sabe nenhuma). A dificuldade de comunicação, em alguns casos, está realmente presente, mas como dito acima nem todos são assim: é difícil definir se uma pessoa tem retardo mental se nunca teve oportunidades de interagir com outras pessoas ou com o ambiente.

2 - Síndrome de Rett é uma anomalia
genética, no gene mecp2 que causa desordens de ordem neurológica, acometendo quase que exclusivamente crianças do sexo feminino.
Compromete progressivamente as funções motoras, intelectual assim como os distúrbios de comportamento e dependência.

No caso típico, a menina desenvolve de forma aparentemente normal entre 8 a 18 meses de idade, depois começa a mudar o padrão de seu desenvolvimento.
Ocorre uma regressão dos ganhos psicomotores, a criança torna-se isolada e deixa de responder e brincar.

O crescimento craniano, até então normal, demonstra clara tendência para o desenvolvimento mais lento, ocorrendo uma microcefalia adquirida.

Aos poucos deixa de manipular objetos, surgem movimentos estereotipados das mãos (contorções, aperto, bater de palmas, levar as mãos à boca, lavar as mãos e esfregá-las) surgindo após, a perda das habilidades manuais.


3 - Transtorno Desintegrativo da Infância é um tipo de Transtorno invasivo do desenvolvimento (PDD, na sigla em inglês) geralmente diagnosticado pela primeira vez na infância ou adolescência.
Critérios de diagnósticos:

A. Desenvolvimento aparentemente normal durante pelo menos os 2 primeiros anos de vida, manifestado pela presença de comunicação verbal e não-verbal, relacionamentos sociais, jogos e comportamento adaptativos próprio da idade.

B. Perda clinicamente importante de habilidades já adquiridas (antes dos 10 anos) em pelo menos duas das seguintes áreas:
- linguagem expressiva ou receptiva
- habilidades sociais ou comportamento adaptativo
- controle esfíncteriano
- jogos
- habilidades motoras

C. Funcionamento anormal em pelo menos duas das seguintes áreas:
comprometimento qualitativo da interação social (p. ex., comprometimento de comportamentos não-verbais, fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares, falta de reciprocidade social ou emocional)
comprometimento qualitativo da comunicação (p. ex., atraso ou ausência de linguagem falada, fracasso em iniciar ou manter uma conversa, uso estereotipado e repetitivo da linguagem, ausência de jogos variados de faz-de-conta)
padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, incluindo estereotipias motoras e maneirismos
D. A perturbação não é melhor explicada por outro Transtorno global do desenvolvimento específico ou por Esquizofrenia.

4 - síndrome de Asperger, transtorno de Asperger ou desordem de Asperger (código CIE-9-MC: 299.8), é uma síndrome do espectro autista, diferenciando-se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou atraso global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo. A validade do diagnóstico de SA continua incerta, estando atualmente em discussão a sua manutenção ou retirada do "Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders" A SA é mais comum no sexo masculino. Quando adultos, muitos podem viver de forma comum, como qualquer outra pessoa que não possui a síndrome. Há indivíduos com Asperger que se tornaram professores universitários (como Vernon Smith, "Prémio Nobel" da Economia de 2002). No entanto, no Reino Unido estima-se que apenas 12% terá emprego a tempo inteiro.
O termo "síndrome de Asperger" foi utilizado pela primeira vez por Lorna Wing em 1981 num jornal médico, que pretendia desta forma homenagear Hans Asperger, um psiquiatra e pediatra austríaco cujo trabalho não foi reconhecido internacionalmente até a década de 1990. A síndrome foi reconhecida pela primeira vez no Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais, na sua quarta edição, em 1994 (DSM-IV).

Alguns sintomas desta síndrome são: dificuldade de interação social, falta de empatia, interpretação muito literal da linguagem, dificuldade com mudanças, perseveração em comportamentos estereotipados. No entanto, isso pode ser conciliado com desenvolvimento cognitivo normal ou alto.

Alguns estudiosos afirmam que grandes personalidades da História possuíam fortes traços da síndrome de Asperger, como os físicos Isaac Newton e Albert Einstein, o compositor Mozart, os filósofos Sócrates e Wittgenstein, o naturalista Charles Darwin, o pintor renascentista Michelangelo, os cineastas Stanley Kubrick e Andy Warhol e o enxadrista Bobby Fischer, além de autores de diversas obras literárias, como no caso de Mark Haddon.

5 - Transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação :O TID-SOE é uma categoria diagnóstica de exclusão e não possui regras especificadas para sua aplicação.

Alguém pode ser classificado como portador de TID-SOE se preencher critérios no domínio social e mais um dos dois outros domínios (comunicação ou comportamento). Além disso, é possível considerar a condição mesmo se a pessoa possuir menos do que seis sintomas no total (o mínimo requerido para o diagnóstico do autismo), ou idade de início maior do que 36 meses.

Se o acordo entre os clínicos é alto para os diagnósticos de autismo, o mesmo não é verdadeiro no caso do TID-SOE.20 Ainda que os estudos epidemiológicos tenham sugerido que o TID-SOE seja duas vezes mais comum do que o TA, essa categoria continua a estar subinvestigada. Hoje em dia, diferentes categorizações têm sido propostas, algumas baseadas no enfoque fenomenológico descritivo, outras baseadas em outras perspectivas teóricas, tais como a neuropsicologia.

Fontes: psicosite / robertexto / wikipédia
Postado por Espaço Educativo Vivendo e Aprendendo

Tempo para desabrochar....


"Imagine por um instante que você está visitando um viveiro de plantas. Você percebe uma agitação lá fora e vai investigar. Você encontra um jovem assistente lutando contra uma roseira. Ele está tentado forçar as pétalas da rosa a se abrirem, e resmunga insatisfeito. Você lhe pergunta o quê está fazendo e ele explica:

"meu chefe quer que todas essas rosas floresçam essa semana, então na semana passada eu cortei todas as precoces e hoje estou abrindo as atrasadas".

Você protesta dizendo que cada rosa floresce a seu tempo, é absurdo tentar retardar ou apressar isso. Não importa quando a rosa vai desabrochar - uma rosa sempre desabrocha no momento mais oportuno para ela. Você olha novamente a rosa e percebe que ela está murchando, mas quando você o alerta, ele responde: "Ah, isso é mau, ela tem disdesabrochamento congênito. Vamos ter que chamar um especialista". Você diz: "Não, não! Foi você quem fez a rosa murchar! Você só precisaria satisfazer as exigências de água e luz da planta e deixar o resto por conta da natureza!" Você mal consegue acreditar no que está acontecendo. Por quê o chefe dele é tão mal informado e tem expectativas tão irreais em relação às rosas?

Essa cena nunca teria se passado em um viveiro, é claro, mas acontece todos os dias em nossas escolas. Professores pressionados por seus chefes seguem calendários oficiais que exigem que todas as crianças aprendam no mesmo ritmo e do mesmo jeito. No entanto as crianças não diferem das rosas em seu desenvolvimento: elas nascem com a capacidade e o desejo de aprender, e aprendem em ritmos diferentes e de modos diferentes. Se formos capazes de satisfazer suas necessidades, proporcionar um ambiente seguro e propício e evitar nos intrometer com dúvidas, ansiedades e calendários arbitrários, aí então - como as rosas - as crianças irão desabrochar cada uma a seu tempo.

Meu coração gela quando penso nas crianças classificadas como 'ADHD' (sigla norte-americana para 'distúrbio de hiperatcividade e falta de atenção'), o mais novo tipo de "distúrbio de aprendizagem". Muitos educadores e pesquisadores acreditam que as crianças e suas famílias tenham sido cruelmente enganadas por essa classificação. O Dr. Thomas Armstrong, que já foi especialista em dificuldades de aprendizagem, mudou de profissão quando começou a ver "como essa noção de distúrbios de aprendizagem estava prejudicando todas as nossas crianças, colocando a culpa da dificuldade de aprender em misteriosas deficiências neurológicas, em vez de apontar para as tão necessárias reformas em nosso sistema educacional". O Dr. Armstrong voltou-se então para o conceito de diferenças de aprendizagem e escreveu "In Their Way" ("Do modo deles"), um guia prático e fascinante para os sete "estilos pessoais de aprendizagem" inicialmente propostos por Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard.

O Dr. Armstrong nos instiga a abandonar rótulos convenientes mas nocivos tais como "dislexia" e nos ater ao problema real do "disensino". Ele adverte que "nossas escolas estão desvalorizando milhões de crianças ao taxá-las de insuficientes quando na realidade elas estão sendo incapacitadas por métodos de ensino ruins".

Como Armstrong explica, "as crianças são sobrecarregadas com diagnósticos tais como dislexia, disgrafia, discalculia e assim por diante, dando a impressão de que sofrem de doenças muito raras e exóticas. Embora o termo dislexia seja apenas uma expressão latina para 'dificuldade com palavras', centenas de testes e programas se propõem a identificar e tratar tais 'disfunções neurológicas'. Mas os médicos ainda não conseguiram determinar qualquer tipo de lesão cerebral detectável na maior parte das crianças com esses assim chamados sintomas.

Parece evidente para mim, depois de quinze anos de pesquisa e prática no campo da educação, que nossas escolas são as principais culpadas pelo fracasso e pelo tédio enfrentado por milhões de crianças..."

As classificações de distúrbios de aprendizado seriam "as novas roupas do imperador" das escolas? Os filósofos têm um recurso interessante chamado "Navalha de Occam", um expediente prático para liqüidar com teorias absurdas: "para resolver um problema, deve-se escolher a teoria mais simples que explique os fatos". Quais são os fatos? É fato que muitos escolares, principalmente do sexo masculino, têm dificuldades de aprendizagem. Mas também é fato que existem centenas de milhares de crianças no mundo, meninos e meninas, entre os quais esse defeito "genético" está ausente: são as crianças escolarizadas em casa. Nesse grupo, praticamente não existem dificuldades de aprendizagem, exceto nas crianças que estão ha pouco tempo na escola.

Se os "distúrbios de aprendizagem" estão presentes apenas no ambiente escolar e ausentes em outros lugares, o problema deve estar no ambiente de aprendizado das escolas e não em algum "distúrbio neurológico" misterioso e não-detectável das crianças, ou estariam igualmente presentes nas crianças escolarizadas em casa. Afinal não é segredo que as escolas não estão conseguindo cumprir sua tarefa: em muitas regiões, os níveis de alfabetização na verdade caíram e não chegaram a atingir os níveis prévios à existência de escolas públicas (nos Estados Unidos). Quando John Gatto, eleito Professor do Ano do Estado de Nova York, chama a escolarização obrigatória de "sentença de doze anos de prisão", percebemos que algo está muito errado e que o erro não é das crianças.

Será que as classificações de "hiperatividade", "fobia escolar" e "dificuldade de aprendizagem" não são uma cortina de fumaça para a incapacidade da escola de entender e aceitar o verdadeiro processo de aprendizagem? Uma especialista do porte de Mary Poplin, ex-editora de uma revista sobre distúrbios de aprendizagem ('Learning Disabilities Quarterly'), concluiu recentemente que "apesar de toda a pesquisa quantitativa... não há provas de que os distúrbios de aprendizagem possam ser identificados objetivamente... as tentativas de se estabelecer critérios objetivos para avaliar problemas humanos são uma ilusão que serve para encobrir nossa incompetência pedagógica". O educador John Holt relata em 'Teach Your Own' ('Ensine a Si Mesmo') que o presidente de uma importante associação para tratamento de distúrbios de aprendizagem admitiu que há "poucas provas para confirmar os diagnósticos de distúrbios de aprendizagem". John Holt alerta os pais de crianças em idade escolar para serem "extremamente céticos em relação a qualquer coisa que as escolas e seus especialistas digam sobre a condição e as necessidades de seus filhos". Acima de tudo, eles devem compreender que é quase certo que a própria escola, com todas as suas fontes de tensão e ansiedade, esteja causando as dificuldades e que o melhor tratamento provavelmente seja tirar o filho da escola de uma vez por todas.

As famílias que fazem isso ficam aliviadas ao descobrir que seus filhos recuperam o interesse que tinham pelo aprendizado quando eram mais novos. Ao contrário dos professores escolares, que têm apenas uma visão parcial de várias crianças a cada ano, os pais que ensinam em casa observam o aprendizado de uma única criança ao longo de vários anos, aprendendo assim a respeitar o estilo singular de aprendizado de cada filho, a confiar na escala de horários individual da criança e a reconhecer que os erros são um componente normal e passageiro do processo de aprendizado de qualquer pessoa. ( Não há pressa, de qualquer forma: muitas crianças escolarizadas em casa que começaram a ler aos 10 ou 12 anos saíram-se muito bem na faculdade). Essa atitude de descontração dos pais que ensinam em casa mantém intacto o valor próprio da criança, torna as classificações insignificantes e permite que o aprendizado seja tão fácil quanto entre os pré-escolares: crianças escolarizadas em casa costumam superar aquelas que freqüentam a escola em termos de desempenho acadêmico, socialização, confiança e auto-estima. John Gatto afirma que "em termos de capacidade de pensar, as crianças escolarizadas em casa parecem estar de cinco a dez anos adiante daquelas que freqüentam a escola".

Durante alguns anos John Holt desafiou várias escolas a "explicar a diferença entre uma dificuldade de aprendizagem (que todos nós temos uma vez ou outra) e um distúrbio de aprendizagem". Ele perguntou aos professores como eles distinguem entre causas inerentes ao sistema nervoso do aluno e fatores externos - o ambiente escolar, o modo de explicar do professor, o professor em si ou o material didático. Ele relata: "nunca recebi uma resposta coerente a essas perguntas... [ainda assim] essa distinção é tão fundamental que não sei como podemos falar de modo construtivo sobre os problemas de aprendizagem de uma criança sem ela". Mas como os professores têm tanta certeza da existência tão disseminada de distúrbios neurológicos? Talvez eles estejam apenas confundindo causa e efeito: como John Holt observa, "os professores dizem que deve ser difícil ler, ou não haveria tantas crianças com dificuldade de ler". John Holt argumenta que "as crianças têm dificudlade de ler porquê partimos do pressuposto de que ler é difícil... com nossa preocupação, 'simplificação' e pedagogia, tudo o que conseguimos é tornar a leitura cem vezes mais difícil para a criança do que deveria ser... quando estamos nervosos ou com medo temos dificuldade, ou ficamos mesmo impossibilitados, de pensar e até de perceber... quando amedrontamos as crianças, bloqueamos totalmente seu aprendizado".

De fato, algumas pesquisas mostram que as expectativas do professor sobre a capacidade de aprendizado da criança influenciam muito o seu desempenho acadêmico. Outras pesquisas mostram a relação entre a ansiedade da criança e sua dificuldade de percepção - e ainda que o alívio da ansiedade (e o tratamento de alergias alimentares, quando elas existem) reduz em muito a incidência dessas dificuldades. Mas não precisamos que especialistas e pesquisadores nos digam o quê está errado. Precisamos apenas ouvir as próprias crianças, que estão há anos tentando expressar sua dor, frustração, confusão e raiva. Quando as crianças se voltam para as drogas, auto-mutilação e suicídio, é evidente que estão tentando nos comunicar algo muito importante.

Será que as dificuldades de aprendizagem são mesmo uma reação compreensível de crianças normais obrigadas a conformar-se às condições anormais das salas de aula convencionais? Em outras palavras, será que as escolas são incapazes de perceber a diferença entre simples relatos de erros de aprendizagem passageiros, agravados pelo estresse, e uma conclusão científica? Embora as supostas anomalias neurológidas nunca tenham sido identificadas, não é difícil detectar condições anormais no ambiente escolar: competitividade feroz, inatividade física (particularmente difícil para os meninos), matérias fragmentadas que têm pouca relação com os interesses e as experiências individuais da criança, freqüentes avaliações e questionamento do progresso do aprendizado, falta de tempo para o convívio familiar, pouca oportunidade de conhecer pessoas de outras idades, falta de sossego para a privacidade e a reflexão, pouca oportunidade de receber a atenção exclusiva dos professores, desencorajamento a compartilhar idéias e trabalho com os colegas de classe (uma oportunidade valiosa sendo desperdiçada), crianças frustradas caçoando das outras, o desencorajamento de atitudes de auto-valorização e acima de tudo a indignidade de ser um incapaz, uma "não-pessoa", cujas necessidades legítimas e as tentativas de expressar essas necessidades são abafadas pela defensiva institucional. Todas essas dificuldades podem ser evitadas com a escolarização domiciliar - desde que o governo permita autonomia suficiente.

Classificações são incapacitantes, porque as crianças acreditam no que lhes dizemos. Se tivermos que classificar algo, que seja o ambiente de ensino e não o aluno: em vez de "criança hiperativa", vamos nos preocupar com as escolas "restritivas de atividade"; em vez de alunos com "falta de atenção", deveríamos pensar nas aulas com "falta de inspiração"; em vez de "criança com fobia escolar" deveríamos usar palavras mais honestas como "ansiosa" e "amedrontada", e tomar mais cuidado ao pesquisar o motivo da ansiedade. Usando a Navalha de Occam, vamos procurar a teoria mais simples que explique os fatos e não a mais complicada e obscura. Um ambiente estressante, punitivo e ameaçador é mais do que suficiente para explicar os problemas de aprendizagem. Não precisamos nos confundir com termos técnicos, teorias sem comprovação científica e bodes expiatórios para preservar uma instituição social que falhou com nossos filhos.

Como devemos agir então? Norman Henchey, professor da Universidade MacGill, recomenda "repensar totalmente a escolarização compulsória". Norman Henchey defende a volta à escolarização em casa e a "outras vias de amadurecimento... programas de formação de aprendizes, serviços de ensino formais e informais, servico público". Talvez assim possamos honrar o estilo individual de aprendizado de cada criança e, como pede o Dr. Armstrong, "dar às crianças a motivação de que necessitam para se sentirem seres humanos competentes e bem-sucedidos". As crianças nasceram para aprencer. Elas merecem ter um ambiente de ensino seguro e estimulante, onde possam aprender em uma atmosfera de paciência, respeito, delicadeza e confianca, sem ameaças, coerção ou cinismo. Como Einstein nos alertou muitos anos atrás, "é um grave erro acreditar que o prazer de observar e pesquisar possam ser incutidos pela coerção".

Toda criança é uma criança bem-dotada."

De: Jan Hunt, Psicóloga Diretora do "The Natural Child Project"

Projecto ajuda a combater as dificuldades das crianças com necessidades especiais
"Tudo começou em Bragança e vai ser desenvolvido em Alfândega da Fé a partir de Fevereiro. Os dinamizadores acreditam que poderá replicar-se em outros municípios da região.
No distrito de Bragança há pelo menos 500 crianças e jovens com necessidades especiais. Os números são das escolas, mas, se alargarmos a contagem às pessoas que já não frequentam o sistema de ensino regular, podemos, no mínimo, multiplicar aquele número por três.
O concelho de Alfândega da Fé é um bom exemplo. Num primeiro diagnóstico a autarquia contabilizou 20 crianças e jovens "diferentes", num total de 60 pessoas que na área do município têm algum tipo de deficiência. Todas estas pessoas e as respectivas famílias lidam com um problema comum. "Há falta de respostas", diz Carmen Palma, mãe de Miguel, uma criança de 12 anos com síndrome de Asperger (uma síndrome do espectro autista, diferenciando-se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo).
A actual presidente da câmara, Berta Nunes, médica de profissão, conhece este e outros casos e quer mudar o contexto local em que estas famílias estão integradas. "Este é um primeiro passo numa enorme caminhada que temos de fazer", diz a autarca. A partir de Fevereiro começa a funcionar a Escola de País, aberta a educadores mas também à sociedade em geral. A coordenadora do projecto, Celmira Macedo, explica que a ideia assenta em três pilares fundamentais: "Primeiro temos de desconstruir o mito associado à deficiência; depois trabalhar a parte emocional dos pais; por fim, trabalhar as suas competências para lidarem com a diferença."
Carmen Palma fez essa caminhada sem ajuda. "O acompanhamento do meu filho é feito numa clínica em Lisboa (a 500 quilómetros), único local onde eu conseguia algum aconselhamento para lidar com o Miguel no dia-a-dia", conta. Fora de casa esta família só encontrou entraves: "Na escola o meu filho era colocado na última carteira e ali ficava", diz Carmen. Levava para a escola o programa curricular desenhado por uma terapeuta educacional mas a professora do menino "nem abria o dossier". Inscreveu o filho no futebol e o treinador "considerou que ele não precisava nem de equipamento nem de cartão". Carmen combateu estas adversidades com a ajuda do marido e do próprio filho, que nunca perdeu um ano e tem boas notas.
A autarca Berta Nunes sabe que, depois das famílias, é preciso trabalhar a sociedade em geral e já tem em andamento um projecto que prevê a realização de acções de sensibilização nas escolas, nas associações culturais e recreativas.
"Já é difícil levar as crianças a realizar terapia e, se ainda têm de se deslocar centenas de quilómetros para o fazerem, torna-se quase impossível", acrescenta Celmira Macedo. Em Vinhais foi criada uma unidade de ensino estruturado para crianças com autismo e algumas das crianças que a frequentam têm de fazer percursos superiores a 50 quilómetros. "Temos crianças que se deslocam de Mirandela para Vinhais, fazem mais de 100 quilómetros para poderem frequentar aquela unidade", explica. Celmira Macedo acredita que o trabalho agora em desenvolvimento em Alfândega da Fé se poderá replicar noutros municípios, "sobretudo, nos mais distantes e mais pequenos, onde as respostas são nenhumas".
Pais ficam emocionalmente mais estáveis
O projecto que agora vai ser desenvolvido em Alfândega da Fé já teve uma primeira experiência em Bragança. Na altura, a ideia foi desenvolvida pela coordenadora da sub-região de Saúde, que era a actual autarca alfandeguense.
A escola funcionou de Maio a Dezembro do ano passado e foi frequentada por 22 pessoas. "Nove dos formandos eram professores, psicólogos e outros profissionais que lidam com a deficiência", refere Celmira Macedo. Os restantes formandos participantes do projecto eram pais.
O grupo criou a Leque, uma associação de pais e amigos de crianças com necessidades especiais. No seio da associação criaram o blogue (http://escolapaisnee.blogspot.com/), onde deixam testemunhos e partilham experiências.
"Temos pessoas que tomavam antidepressivos e deixaram de o fazer, pessoas que entraram com ar envergonhado e que agora conseguem partilhar a sua experiência de vida, pessoas que quase nunca falavam (limitando-se a ouvir) e hoje falam das coisas boas e más, como se nos conhecêssemos desde sempre", testemunha Manuela Gomes, mãe de uma dessas crianças diferentes.
"Sentia-me triste e magoado, mas agora sinto-me optimista, com uma perspectiva de futuro diferente. Sinto-me mais enriquecido, mais compreendido e compreensivo", escreve Duarte Rodrigues, também ele formando.
"Sentia-me bastante fechada, com alguns problemas que me surgem no dia-a-dia e agora sei que consigo expô-los melhor", remata Teresa Mofreita. A Leque vai agora criar a sua sede em Alfândega da Fé."

Notícia por Ana Fragoso, in http://www.publico.pt/

Empatia e violência faces da mesma moeda???


Empatia e violência envolvidas nos mesmos circuitos cerebrais

"Educar com base na empatia pode evitar conflitos.
Investigadores da Universidade de Valência, em Espanha, resumiram as estruturas cerebrais envolvidas na empatia, ou seja, na capacidade de nos pormos no lugar do outro, e realizou uma análise científica das mesmas. Concluíram que os circuitos cerebrais responsáveis pela empatia, são em parte, os mesmos envolvidos na violência.
“Assim como a nossa espécie pode ser considerada a mais violenta, desde que somos capazes por assassinatos em série, genocídios e outras atrocidades, somos também das espécies mais compreensivas e empáticas, o que parece ser o outro lado da moeda”, afirmou Luís Moya Albiol, autor principal do estudo e investigador da Universidade de Valência.
O estudo, publicado na Revista de Neurologia, conclui que o córtex pré-frontal e temporal, a amígdala e outras características do sistema límbico (como a insulina, por exemplo) desempenham um papel “fundamental em todas as situações em que a empatia aparece”.
Moya Albiol afirma que estas partes do cérebro sobrepõem-se “de um modo surpreendente” com aqueles que regulam a agressão e a violência. Assim sendo, equipa científica defende que os circuitos do cérebro, tanto para a empatia como para a violência, poderiam ser “parcialmente idênticos”.
Questão biológica
“Sabemos ainda que incentivar a empatia tem um efeito inibidor na violência, mas isto pode não ser apenas uma questão social, mas também biológica: estimular os circuitos neuronais numa direcção reduz a actividade na outra”, acrescentou o investigador.
Isto significa que é complicado para um cérebro “mais empático, ter um comportamento violento”. “Educar as pessoas para serem empáticas pode ser uma educação para a paz, resultando daí uma redução de conflitos”, concluiu Moya Albiol.
As técnicas para a medição do cérebro humano ‘ao vivo’, como a ressonância magnética funcional, estão a fazer o possível para descobrir mais sobre as estruturas do cérebro que regulam o comportamento e os processos psicológicos, tais como a empatia".
In: http://www.cienciahoje.pt/

domingo, 11 de abril de 2010

Projectos...


Pinto a vida neste bocadinho de papel

projecto os meus sonhos, angustias, frustrações,

dou-lhe a minha cor com este pequeno pincel.

Que...representa o meu poder...

a minha criação...

O Mundo na palma da mão.

E vou...

criar um mundo só meu...

Onde possa esconder...

Fazer desaparecer....

como por magia....

toda a zanga...

mesmo a que está na minha fantasia.

Ouvir e escutar...oferecer...a chave...


Basta um momento de atenção...
olhos nos olhos...
coração aberto...
e...
soltam-se...
ideias...
emoções...
palavras...
que guardadas magoam...
e que soltas...
libertam...
deixam espaço...
para aprender...
para crescer...
para gostar...

Quero estar lá...
para ouvir....
escutar e...
acreditar...
Sempre...
Que a chave...
Está na mão de cada um...
Que a pode usar....
ou....
Deixar portas trancadas...
Para sempre.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Ponto de vista.


"Depois de ontem ter referido alguns ingredientes da construção do sucesso escolar, volto hoje ao tema, com o resultado da observação de uma realidade concreta de leccionação num agrupamento do 9º ano.

Sabe-se que a construção do in/sucesso escolar mobiliza um alargado conjunto de variáveis. Nesta nota quero centrar-me na importância do modelo didáctico, centrando-me numa aula de Matemática de 90 minutos (9ºano) que hoje tive a oportunidade e o prazer de observar na qualidade de “amigo crítico”.
Como preâmbulo, diga-se que se trata do projecto “Fénix”, um agrupamento-ninho de 10 alunos (o “ninho” é um agrupamento temporário de alunos com níveis de desempenho similares) alimentado por duas turmas do 9º ano.
Devo dizer que a eficácia da acção docente (e discente) se deveu ao conjunto de características do modelo didáctico que a professora colocou em acção, a saber:
i) Relação pedagógica
Nesta categoria destaque para a manifestação constante de que os alunos são capazes, recurso sistemático ao feedback, elogio recorrente quando há motivos para tal (muito bem, és capaz, tu sabes, parabéns, etc.), elevação de expectativas, rigor e exigência…
ii) Movimento da docente no espaço aula para acompanhar, explicar, elucidar
iii) Linguagem simultaneamente rigorosa, acessível e interactiva (recurso ao universo lexical dos alunos para os concentrar e os convocar para a aprendizagem…)
iv) Tempo em tarefa, isto a quase totalidade do tempo de aula foi passado em tarefa
v) Acompanhamento individual da ‘produção do alunos’
vi) Disponibilização de materiais específicos e diversificados (fichas de “questões-aula” e outro tipo de materiais
vii) Implicação dos alunos em tarefas concretas, objectivas, de produção e não de mero consumo passivo (que em regra gera o tédio, o alheamento e a indisciplina)
viii) Clima de aula “exigente e liberto”, isto é, não constrangente, pacífico, permitindo a concentração e estimulador do trabalho
ix) Recurso a portefólio de recursos organizado pela docente (o que permite diversificar as situações de aprendizagem)
x) Recurso à tutoria intra turma (um aluno que sabia resolver bem um exercício, durante 4 minutos, foi ajudar uma aluna em dificuldade…)
xi) Recurso a actividades plurais em simultaneidade (a professora e um aluno resolviam no quadro exercícios diferentes)
xii) Registo em grelha específica de quem tinha realizado os TPC (e todos tinham, segundo me pareceu)
xiii) Participação activa de todos os alunos (nenhum fica de lado ou de parte; nenhum tem oportunidade de se entediar…) e implicação (“estou desiludido comigo… quero ter mais…)
xiv) O recurso e o treino sistemático da memória como ingrediente central para a realização de algumas operações.

É certo que esta é uma prática muito exigente. É compreensível que este esforço deveria produzir melhores resultados (notando-se algum defraudamento de expectativas da professora face a este nível de exigência). É também admissível algum efeito da presença do observador mas que me parece despiciendo neste caso concreto. É também certo a existência de alguns momentos de distracção e alheamento, sobretudo no final da aula (os 90 minutos de trabalho continuado produz os seus efeitos nos níveis de concentração).
Mas, pelos motivos expostos, o modelo didáctico em acção tem de produzir os seus frutos. Evita o tédio e a indisciplina. E permite afirmar que este é um dos caminhos essenciais que é preciso trilhar e divulgar se queremos aprendizagens reais nas nossas escolas. Pelo meu lado, congratulo-me e felicito a professora e a escola que o colocou em acção."

Tirado de TERREAR de JMA

O Oleiro e o aprendiz

Falta de motivação....

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Dislexia- Dicas da Universidade de Évora


“A dislexia é uma perturbação específica da aprendizagem de origem neurobiológica. Caracteriza-se por dificuldades no reconhecimento preciso e/ou fluente das palavras escritas, por dificuldades ortográficas e por dificuldades na descodificação.

Estas dificuldades resultam frequentemente de um défice na componente fonológica da linguagem e são muitas vezes inesperadas relativamente a outras capacidades cognitivas e face ao fornecimento de instrução eficaz. Consequências secundárias podem incluir problemas na compreensão da leitura e experiência de leitura reduzida, o que pode impedir o desenvolvimento do vocabulário e do conhecimento geral.”
G. Reid Lyon, Sally Shaywitz, & Bennett. Shaywitz (2003) – Trad. Rui Alves

Sinais de dislexia: manifestações mais frequentes:
Escrita
Dificuldades ortográficas persistentes, mesmo com palavras simples. Dificuldades na gramática e na construção de frases.. Pontuação ausente ou pobre.
A velocidade e sequências da escrita é afectada – os estudantes perdem com facilidade “a sequência lógica” do que estão a escrever/ler.
Leitura
Leitura lenta e pouca exacta, impossibilidade de fazer uma “leitura diagonal” e problemas em extrair as ideias fundamentais de um texto.
Números
Problemas com capacidades básicas ligadas à matemática e ciências como dificuldades em memorizar e relembrar sequências de números.
Leitura, Escrita Oralidade
Dificuldades em ler em voz alta, em pronunciar palavras pouco familiares. Dificuldade em estruturar uma apresentação oral.
Coordenação
A escrita pode ser lenta e pouco ordenada.
Organização
Deficiente organização e gestão do tempo.
Orientação Espacial
Em alguns casos pode verificar-se deficiente orientação espacial, por exemplo dificuldade em distinguir a esquerda da direita, leitura de mapas e seguir instruções de direcção.
Memória
Deficiente memória de curto prazo. Perda de objectos com facilidade por não se lembrar onde os deixou, esquecimento de nomes e números de telefones, etc. Pouca atenção.
Problemas Visuais
Em alguns casos pode apresentar dificuldade em ler um texto de uma determinada cor, ou quando tem um fundo de uma cor específica . Os estudantes disléxicos podem ver os textos de forma diferente, por exemplo, ver espaços onde não existe qualquer espaço, palavras que se movimentam, etc.


Boas práticas
Estratégias de ensino
As seguintes sugestões de boas práticas serão particularmente úteis para os estudantes com dislexia, mas podem ser úteis aos estudantes em geral. Para além destas sugestões achamos muito importante que o Professor obtenha mais informação sobre dislexia e contacte com os estudantes, no sentido de saber o que para eles é mais útil.
O estudante disléxico na Universidade:
É importante estar alerta para a eventualidade de ter um estudante disléxico entre os que frequentam as suas aulas. Assim deverá:
estar consciente de que ele aprende de forma diferente da convencional;
tentar obter informações acerca dos problemas com que o estudante disléxico se confrontou no secundário, especialmente no que diz respeito:
- à capacidade de auto-gestão
- ao seu sentido de organização
- à capacidade de tomar notas
- à gestão do tempo
- à gestão dos projectos e trabalhos a realizar
- ao ensino unidimensional;
reconhecer a frustração que estudante disléxico deve sentir;
reconhecer que as classificações podem ficar muito aquém do potencial do estudante;
reconhecer problemas de auto-estima e de depressão;
demonstrar simpatia, atenção e preocupação;
oferecer-se para ser o professor-tutor ou nomear-lhe um;
saber ouvir e aconselhar quando necessário e nas alturas previstas para tal;
ajudar a organizar os trabalhos;
planificar os trabalhos com datas bem determinadas (por exemplo, o primeiro trabalho sobre o primeiro capítulo na data x, o segundo na data y... e assim sucessivamente);
indicar as leituras obrigatórias nas bibliografias de referência;
assegurar que os direitos previstos na lei em benefício dos estudantes disléxicos são respeitados, nomeadamente em matérias de exames: intervalos, tempo suplementar, leituras, utilização de computadores portáteis, etc.;
ajudar os estudantes a preencher formulários e a redigir pedidos relacionados com os seus direitos;
insistir no reforço dos talentos naturais do estudante.
Nas aulas
Os estudantes com dislexia lêem e escrevem mais lentamente do que os outros estudantes, assim é para eles muito difícil acompanhar as aulas tirando notas. Estes estudantes podem também encontrar dificuldades em ler acetatos/apresentações nas aulas, pois têm dificuldade em compreender o que lêem e em copiar.
Fornecer um resumo quando se introduz um novo tópico, de forma a iniciar a familliarização do estudante com o assunto – salientar as ideias principais e palavras-chave;
fornecer textos de apoio às aulas, de forma a diminuir a quantidade de notas que o estudante tem que tirar numa aula;
usar múltiplas formas de apresentar a informação: vídeos, slides, demonstrações práticas, bem como ir falando ao longo da apresentação de textos;
prever tempo para os estudantes lerem os textos de apoio às aulas, sobretudo se esses textos vão ser mencionados no decurso de uma aula;
introduzir tópicos e conceitos novos de uma forma óbvia – explicar termos e conceitos novos;
dar exemplos para ilustrar um ponto de vista, uma perspectiva, um assunto;
fazer pausas regulares para permitir que os estudantes possam acompanhar;
perguntar ao estudante disléxico se está a conseguir acompanhar o trabalho nas aulas;
fornecer material escrito, formatando-o num estilo simples, claro e conciso;
usar preferencialmente material impresso em detrimento de notas escritas à mão;
evitar fundos com imagens ou figuras;
uma fonte clara como o Arial ou o Comic Sans é mais fácil de ler do que fontes como o Times New Roman;
não devem ser usadas demasiadas fontes diferentes num mesmo texto;
não usar blocos densos de texto. É aconselhável o uso de parágrafos, diferentes tipos de cabeçalhos, símbolos gráficos a destacar partes de textos e numerar textos;
destacar partes de textos ou palavras usando preferencialmente o negrito em detrimento do sublinhado ou itálico;
imprimir em papel de cor pode ser mais fácil de ler para alguns estudantes com dislexia. Alguns estudantes com dislexia usam acetatos de cor que colocam por cima do texto para facilitar a leitura.
são de evitar as tintas vermelha e verde, pois estas cores são particularmente difíceis de ler.
usar formas alternativas de apresentar conteúdos como gráficos, diagramas, etc.
Avaliações
Em situação de avaliação as capacidades de escrita e ortografia do estudante dislexico podem piorar devido à pressão do tempo. Estes estudantes podem igualmente usar um tipo de linguagem mais básica, evitando palavras longas que lhes torna mais lento o processo de expressão escrita.
As perguntas devem ser expressas em linguagem clara e concisa;
combinar com os estudantes disléxicos a data de entrega de trabalhos;
permitir a este estudantes o uso de correctores ortográficos e/ ou outras formas de trabalho que os ajudem a detectar e corrigir os próprios erros;
Trabalhos práticos
Podem surgir dificuldades quando estes trabalhos exigem apresentações escritas com prazos muito curtos – trabalhos escritos à mão podem ter uma péssima apresentação, bem como conter muitos erros ortográficos.
Deve ser permitida a entrega destes trabalhos impressos, portanto escritos usando o computador;
os estudantes disléxicos podem ter dificuldades em seguir instruções, de forma que estas devem ser claras e simples;
Estratégias de apoio à avaliação e classificação
Deve sempre dar feedback ao estudante sobre a avaliação que fez do trabalho apresentado por ele. Sempre que necessário deve conversar com ele sobre esse assunto.
Quando pontua um trabalho use marcadores diferentes para diferenciar o conteúdo da apresentação (ortografia e gramática, bem como organização das ideias).

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Onde acaba o Horizonte????

A jornalista paulista Flávia Cintra, de 37 anos, tetraplégica é mãe dos gêmeos Mateus e Mariana, com 2 anos e 7 meses. Flávia, que trabalha com palestras sobre inclusão e é consultora de Alinne desde maio de 2009, ajuda a atriz a se preparar para ser uma grávida em cadeira de rodas. Ela conta que, no início, a atriz tinha as mesmas dúvidas que outras pessoas. “Mas depois ela mergulhou neste universo e absorveu as emoções e reflexões vivenciadas por uma mulher cadeirante.” Flávia conta que, quando engravidou, houve um misto de espanto e incompreensão ao redor dela. “Como assim grávida? E de gêmeos?”, costumavam perguntar. Nem passava pela cabeça das pessoas que uma mulher numa cadeira de rodas poderia ter sexualidade ativa. Muito menos que ela viesse a ter filhos. Além do tabu sobre a sexualidade dos deficientes físicos, existe o desconhecimento sobre a capacidade dessas mulheres de gerar e criar. Talvez a novela ajude a desfazer esses mitos. Talvez não. O fato é que, no Brasil, os deficientes com mobilidade reduzida são 27% do total da população dos 25 milhões de deficientes físicos, ou seja, cerca de 6 milhões de pessoas. É o equivalente a uma cidade do Rio de Janeiro de pessoas com limitações para se locomover. Mas não se sabe muito mais sobre elas.O IBGE ainda não discrimina o gênero dos deficientes e, no próximo censo, previsto para este ano, isso também não deverá acontecer.Essa população quase invisível namora, casa e tem filhos. As histórias desta reportagem são sobre mulheres “anônimas” que vivem a gravidez e a maternidade com seus medos e suas vitórias. Flávia, Tatiana, Ekaterini e Marcela simplesmente enfrentam o cotidiano, como grávidas e como mães. Flávia Cintra ficou tetraplégica aos 18 anos em um acidente de carro. Ela se lembra de que, logo depois do acidente, ainda no hospital, perguntou aos médicos se poderia engravidar. A resposta foi “sim”. Aos poucos, Flávia recuperou sua sensibilidade, o que permitiu que ela voltasse a ter prazer sexual. Namorou várias pessoas, até conhecer o pai de seus filhos. Depois de marcar o casamento, ela descobriu que estava grávida. “Quando eu soube, só conseguia chorar de alegria. Eu me senti a pessoa mais abençoada do mundo. Costumo brincar que foi o melhor acidente da minha vida.” Ao visitar o primeiro ginecologista, Flávia ouviu um sermão e a insinuação de que deveria fazer um aborto: “Ele me disse barbaridades”. Ela desconsiderou as palavras do médico e procurou a ginecologista e obstetra Miriam Waligora, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Miriam lembra que uma de suas primeiras providências foi fazer exames para detectar o exato tipo de lesão medular de sua paciente – dependendo da vértebra afetada, isso determina a sensibilidade e a mobilidade da pessoa. Depois Miriam ensinou Flávia a observar suas secreções, a apalpar o abdome e a perceber os sinais da presença dos bebês. Flávia podia senti-los mexer em sua barriga. Ela também tomou uma medicação anticoagulante para evitar qualquer risco de trombose – mais elevado nos deficientes por falta de movimentação. A ginecologista afirma que o remédio não afeta o desenvolvimento do feto.Ao aprender a engatinhar, os gêmeos de Flávia escalavam as pernas dela na cadeira de rodasFlávia diz que não teve os problemas sérios que podem acometer as gestantes cadeirantes, como trombose, infecção urinária, escaras (as feridas na pele causadas pela pressão do corpo imóvel). Além de controlar o aumento de peso, todos os meses ela ia até a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) para calibrar a almofada de sua cadeira. Ao acertar a calibragem, Flávia conseguiu impedir o aparecimento de escaras. Ela também bebia muito água para evitar infecção urinária, muito comum entre as mulheres que vivem sentadas. Passou tão bem que com seis meses de gestação foi sozinha a Buenos Aires numa viagem a trabalho. “Eu me sentia muito protegida e tinha certeza de que meus filhos iriam nascer bem”, afirma. A maternidade também tem trazido belas surpresas a Flávia. Ao aprender a engatinhar, Mateus e Mariana escalaram as pernas da mãe na cadeira de rodas para alcançar seu colo. Ela conta que não sabia se gritava de alegria ou pedia ajuda. Os gêmeos também começaram a andar de forma inusitada: seguravam na barra de ferro atrás da cadeira de rodas e empurravam a mãe. Nunca houve um momento de pânico, em que suas limitações físicas a impediram de acudir as crianças em necessidade? “Como eu conheço muito bem minhas limitações, nunca tive problemas para cuidar dos meus filhos”, afirma Flávia. “Sempre criei soluções antes que os problemas aparecessem.”Mas será que as grávidas e as mães em cadeiras de rodas não questionam sua própria capacidade de cuidar dos filhos? Elas não estariam sujeitas, em grau muito maior, às aflições e aos pavores que cercam a gravidez e a maternidade? Marcela Cálamo Vaz, de 43 anos, paraplégica e mãe de duas crianças, Ricardo, de 10 anos, e Luís Felipe, de 5, viveu essas incertezas – “Será que vou conseguir trocar fraldas, será que vou conseguir colocá-lo sozinha no berço? E se eu derrubar meu bebê ou ele engasgar, quem virá para socorrê-lo?” – e conseguiu resolvê-las. “Não é fácil ser responsável por outras vidas. Não é fácil ser mãe de dois.” Ela conta que era mais difícil quando seus dois filhos eram pequenos. Às vezes ela tinha de ser rápida para apartar as brigas entre eles. Marcela não tem empregada. Ela dá aulas particulares de matemática e português em casa, faz o almoço das crianças, o lanche deles para a escola, recolhe os brinquedos e ainda lava a louça nos intervalos das aulas particulares.